Brasiléia: mudanças entre as edições
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Edição das 11h23min de 24 de setembro de 2011
A Brasiléia, o épico das multidões!
Ela explica-se a si mesma e, se acaso não vos explicar, basta pagar uma pinga que de bom humor vós ireis entendê-la!
Introdução
Minha terra não tem métrica
Que súbita harmonia
A Brasiléia não é épica
Seja uma ode à alegria
Uma multidão de heróis
Da pátria sem fronteiras
Constrói seu mutirão
À livre moda brasileira
vamos juntos nos fazendo
ao fazer essa canção
soltando fogos, uivos, vivas
à nossa miscigenação
Povos
No princípio éramos povos
De mil nomes línguas terras
Tínhamos nossas mil fés
Lutávamos nossas mil guerras
Ashaninka,Araweté,
Yanomami, Suruí
Tupinambá, Kaapor
Karajá e Guarani
Kaiagang, Kanoê
Baniwa, Assurini
Tukano,Ticuna, Krahô
Kamayurá, Tupi
Mehinaku, Kaiapó,
Waurá, Yaualapiti
Kuikuro, Kalapalo
Xavante, Bakairi
Há muito tempo estamos por aqui
Despertávamos o sol, a lua
Por danças e invocações
Nos contavam as cachoeiras
Segredos das estações
Por séculos aqui vivemos
Com a natureza solidária companhia
florestas e rios, montanhas e mar
muitos perigos e muita alegria
Só há pouco vimos chegar
Em monção, bandeira e missão
Os arcabuzes da lusofonia
Berrando chumbo em tom cristão
Que por Índios nos abreviaram
Logo o nome, a terra, a vida
E em grilhões nos sufocaram
A língua, a fé, a alma perdida
Primeiro chegaram portugueses
Também vieram os espanhóis
Levavam nossas riquezas
Deixavam facas e anzóis
Estados
No começo os portugueses
criaram as tais capitanias
imensas faixas da terra
foram dadas por franquia
Em algumas plantaram cana
noutras botaram café
também cavavam a terra
pra encontrar o que levar
Rios do Brasil
E esse povo tão diverso
atrás de um mundo mais feliz
foi entrando mata adentro
subindo os rios do país
Tietê, Paranayba
São Francisco, Urucuia
Vermelho, Uraricoera
Tocantins, Araguaia
Subindo o Buranhéim
é estranho mas vieram
No Planalto Central
certo dia eles chegaram
As Charlie Sheen says, this artilce is WINNING!
Sentidos
Essa terra é muito airosa
tem perfumes e odores mil
atravessando cinco séculos
formou-se o bodum do Brasil
Ibéribárbaros e mouros
Negros d'Angola ou Dagomé
com Flamengos e Italianos
Franceses e seu cammembé
Crilouros e judárabes
orientupis, tapuias,
cabindas, tropicanos
todo mundo que quiser
mestiço, miscigenado
no raro caldo racial
desta bela e nobre raça
chamada de pau-brasil
Pássaros
Nessa terra tem mil pássaros
cantam aqui como acolá
melodias sete notas
sol lá si... dó ré mi fá
Saracura na manhã
colibri no meu quintal
tem rolinha e curió
tem de noite o bacurau
Canarinho cantadô
merencório uirapuru
bemtevi e trinca ferro
tico tico no fubá
Tem sofrê tem azulão
tem nhambú tem tangará
inda canta nas palmeiras
nas floresta o sabiá
Patativa juriti
tempera viola e anu
pintassilgo e pica pau
acauã e murututu
Seriema caburé
cambaxirra jaçanã
tiê sangue alma de gato
mãe da lua e acauã
Irerê meu passarim
no sertão do cariri
asa branca e curiango
tem jandaia e tem saí
Tem pipira e anambé
iratauá e tiziu
bicudo e corruíra
Pindorama, céu de anil
Aquarela
Se permitis vós a graça
De aqui pintar sua luz
Em formas multicoloridas
Nossa Brasiléia nos seduz
Ao vermelho terra intenso
Tons pastéis vem se mesclar
Ocres, sépias, liláses, ambar
No relevo a se abraçar
Céu azul indescritível
Denso sem começo ou fim
E o crepúsculo horizonte
Casa ao amarelo o carmim
Maravilha se formando
Do arco-íris nos vem brindar
Com os matizes dessa Terra
A nos conduzir e abençoar...
As aves que...
Minha terra inda resiste
no encanto de um Sabiá
cantava alegre em seu swing
mas jaz inerte e calado
pela força do estilingue
O Sabiá mesmo sábio
não sabia que alguém
por absurda tirania
pudesse mesmo acabar
com sua linda melodia
E o outro sem perceber
que assim abafava o canto,
acabava com a beleza
matava um pouco do encanto
das aves que aqui gorjeiam
E não gorjeiam como lá
Lá, em terras d'além mar
nem mais florestas existe
onde não mais se gorjeia,
vive ali um povo triste
nostálgico da natura
contido a cantar seu fado
Foi levado a um Museu
pra toda gente estudar
empalhado olho de vidro
como um símbolo emplumado
Pindorama, das palmeiras
na vitrine o Sabiá
Memória não morrerá.
Doce cana
A cachaça pinga forte
no alambique bronzeado
cobre verde e doura a planta
que fermenta o caldo santo
que nos faz endiabrados.
Diabo e deus que acasalam
com a cana pura e puta
onde ceifam muitas vidas
onde sonhos são plantados
onde a morte nasce em leiras
onde o sol brilha dobrado.