Brasiléia: mudanças entre as edições
(→Povos) |
|||
(58 revisões intermediárias por 16 usuários não estão sendo mostradas) | |||
Linha 28: | Linha 28: | ||
Lutávamos nossas mil guerras | Lutávamos nossas mil guerras | ||
Araweté, | Ashaninka,Araweté, | ||
Karajá | Yanomami, Suruí | ||
Tupinambá, Kaapor | |||
Karajá e Guarani | |||
Despertávamos o sol | Kaiagang, Kanoê | ||
Baniwa, Assurini | |||
Tukano,Ticuna, Krahô | |||
Kamayurá, Tupi | |||
Mehinaku, Kaiapó, | |||
Waurá, Yaualapiti | |||
Kuikuro, Kalapalo | |||
Xavante, Bakairi | |||
Há muito estamos aqui! | |||
Despertávamos o sol e a lua | |||
Com danças, invocações | |||
Nos contavam as cachoeiras | Nos contavam as cachoeiras | ||
Segredos das estações | Segredos das estações | ||
Linha 55: | Linha 67: | ||
Primeiro chegaram portugueses | Primeiro chegaram portugueses | ||
Também vieram os espanhóis | Também vieram os espanhóis | ||
Levavam nossas | Levavam nossas riquezas | ||
Deixavam facas e anzóis | Deixavam facas e anzóis | ||
</poem> | </poem> | ||
Linha 65: | Linha 77: | ||
imensas faixas da terra | imensas faixas da terra | ||
foram dadas por franquia | foram dadas por franquia | ||
Em algumas plantaram cana | |||
noutras botaram café | |||
também cavavam a terra | |||
pra encontrar o que levar | |||
</poem> | </poem> | ||
Linha 71: | Linha 88: | ||
E esse povo tão diverso | E esse povo tão diverso | ||
atrás de um mundo mais feliz | atrás de um mundo mais feliz | ||
foi entrando | foi entrando mata adentro | ||
subindo os rios do país | subindo os rios do país | ||
Tietê, Paranayba | |||
São Francisco, Urucuia | |||
Vermelho, Uraricoera | |||
Tocantins, Araguaia | |||
Subindo o Buranhéim | |||
é estranho mas vieram | |||
No Planalto Central | |||
certo dia eles chegaram | |||
</poem> | |||
==Árvores do Brasil== | |||
<poem> | |||
Façamos jus a nossas árvores | |||
Tronco de nossas existências | |||
Em seus xilemas correm os rios, | |||
Nos seus galhos cantam pássaros, | |||
Dos seus frutos vêm sabores | |||
Das flores suas cores e odores | |||
despertam os nossos sentidos... | |||
Tem também a sombra e a beleza | |||
E se isso não bastasse | |||
Tem a semente que alimenta | |||
a nossa esperança... | |||
Se entre as suas letras | |||
brotasse de repente um ene | |||
floresceria o nome Brasileína | |||
épico da nossa terra e língua | |||
Das caravelas avistadas | |||
balouçavam ao vento tupiniquim | |||
verdes altas lindas e brejeiras | |||
assim se descobriu | |||
Pindorama a Terra das Palmeiras | |||
Depois os próprios índios | |||
Revelaram outro tesouro fincado no solo | |||
O pau-rosado ou pau-brasil. | |||
E entre Terra de Vera Cruz e outras | |||
Pindorama virou: Terra-Brasilis, de brasa | |||
Depois: Terra do Brasil, da brasa | |||
Depois simplesmente Brasil! Ardente | |||
Tudo por causa da brasileína | |||
O corante cor-de-brasa, vermelho intenso | |||
E pelos próximos 375 anos | |||
Passou a colorir as roupas da nobreza | |||
Utilidades em beleza | |||
E até a tinta de escrever... | |||
Quase extinta | |||
Hoje tem dia nacional | |||
É símbolo nacional | |||
É protegida por decreto | |||
Mas, poucos a conhecem... | |||
Caesalpinia ''echinata'' tem flores-amarelas | |||
Que surgem no início da primavera | |||
Tem espinhos no tronco acinzentado, | |||
Por isso ''echinata'', morfologia vegetal, não importa... | |||
Suas pequeninas folhas balançam ao vento mais leve | |||
Hoje faz música em violinos | |||
Seu dia é três de maio – Pau-brasil | |||
E assim começou a história do nome Brasil | |||
A exploração da Terra-Brasilis e o | |||
Espaço no Brasiléia destinado as | |||
Árvores do Brasil | |||
Com sua graça e beleza | |||
Que desfilem e deslizem por nossos | |||
Blocos, grafites e papéis | |||
As outras tantas nossas árvores do Brasil | |||
.... | |||
</poem> | |||
==Sentidos== | |||
<poem> | |||
Essa terra é muito airosa | |||
tem perfumes e odores mil | |||
atravessando cinco séculos | |||
formou-se o bodum do Brasil | |||
Ibéribárbaros e mouros | |||
Negros d'Angola ou Dagomé | |||
com Flamengos e Italianos | |||
Franceses e seu cammembé | |||
Crilouros e judárabes | |||
orientupis, tapuias, | |||
cabindas, tropicanos | |||
todo mundo que quiser | |||
mestiço, miscigenado | |||
no raro caldo racial | |||
desta bela e nobre raça | |||
chamada de pau-brasil | |||
</poem> | </poem> | ||
==Pássaros== | ==Pássaros== | ||
<poem> | <poem> | ||
[[Arquivo:Onde canta o Sabiá.jpg|right|500 px]] | |||
Nessa terra tem mil pássaros | |||
cantam aqui como acolá | cantam aqui como acolá | ||
melodias | melodias sete notas | ||
sol lá si... dó ré mi fá | sol lá si... dó ré mi fá | ||
Saracura na manhã | |||
colibri no meu quintal | |||
tem rolinha e curió | |||
tem de noite o bacurau | |||
Canarinho cantadô | |||
merencório uirapuru | |||
bemtevi e trinca ferro | |||
tico tico no fubá | |||
Tem sofrê tem azulão | |||
tem nhambú tem tangará | |||
inda canta nas palmeiras | |||
nas floresta o sabiá | |||
Patativa juriti | |||
tempera viola e anu | |||
pintassilgo e pica pau | |||
acauã e murututu | |||
Seriema caburé | |||
cambaxirra jaçanã | |||
tiê sangue alma de gato | |||
mãe da lua e acauã | |||
Irerê meu passarim | |||
no sertão do cariri | |||
asa branca e curiango | |||
tem jandaia e tem saí | |||
Tem pipira e anambé | |||
iratauá e tiziu | |||
bicudo e corruíra | |||
Pindorama, céu de anil | |||
</poem> | </poem> | ||
Linha 105: | Linha 258: | ||
A nos conduzir e abençoar... | A nos conduzir e abençoar... | ||
</poem> | </poem> | ||
==As aves que...== | |||
<poem> | |||
Minha terra inda resiste | |||
no encanto de um Sabiá | |||
cantava alegre em seu swing | |||
mas jaz inerte e calado | |||
pela força do estilingue | |||
O Sabiá mesmo sábio | |||
não sabia que alguém | |||
por absurda tirania | |||
pudesse mesmo acabar | |||
com sua linda melodia | |||
E o outro sem perceber | |||
que assim abafava o canto, | |||
acabava com a beleza | |||
matava um pouco do encanto | |||
das aves que aqui gorjeiam | |||
E não gorjeiam como lá | |||
Lá, em terras d'além mar | |||
nem mais florestas existe | |||
onde não mais se gorjeia, | |||
vive ali um povo triste | |||
nostálgico da natura | |||
contido a cantar seu fado | |||
Foi levado a um Museu | |||
pra toda gente estudar | |||
empalhado olho de vidro | |||
como um símbolo emplumado | |||
Pindorama, das palmeiras | |||
na vitrine o Sabiá | |||
Memória não morrerá. | |||
</poem> | |||
==Doce cana== | |||
<poem> | |||
A cachaça pinga forte | |||
no alambique bronzeado | |||
cobre verde e doura a planta | |||
que fermenta o caldo santo | |||
que nos faz endiabrados. | |||
Diabo e deus que acasalam | |||
com a cana pura e puta | |||
onde ceifam muitas vidas | |||
onde sonhos são plantados | |||
onde a morte nasce em leiras | |||
onde o sol brilha dobrado. | |||
</poem> | |||
[[Categoria:Poemas abertos]] | [[Categoria:Poemas abertos]] |
Edição atual tal como às 20h20min de 6 de maio de 2012
A Brasiléia, o épico das multidões!
Ela explica-se a si mesma e, se acaso não vos explicar, basta pagar uma pinga que de bom humor vós ireis entendê-la!
Introdução
Minha terra não tem métrica
Que súbita harmonia
A Brasiléia não é épica
Seja uma ode à alegria
Uma multidão de heróis
Da pátria sem fronteiras
Constrói seu mutirão
À livre moda brasileira
vamos juntos nos fazendo
ao fazer essa canção
soltando fogos, uivos, vivas
à nossa miscigenação
Povos
No princípio éramos povos
De mil nomes línguas terras
Tínhamos nossas mil fés
Lutávamos nossas mil guerras
Ashaninka,Araweté,
Yanomami, Suruí
Tupinambá, Kaapor
Karajá e Guarani
Kaiagang, Kanoê
Baniwa, Assurini
Tukano,Ticuna, Krahô
Kamayurá, Tupi
Mehinaku, Kaiapó,
Waurá, Yaualapiti
Kuikuro, Kalapalo
Xavante, Bakairi
Há muito estamos aqui!
Despertávamos o sol e a lua
Com danças, invocações
Nos contavam as cachoeiras
Segredos das estações
Por séculos aqui vivemos
Com a natureza solidária companhia
florestas e rios, montanhas e mar
muitos perigos e muita alegria
Só há pouco vimos chegar
Em monção, bandeira e missão
Os arcabuzes da lusofonia
Berrando chumbo em tom cristão
Que por Índios nos abreviaram
Logo o nome, a terra, a vida
E em grilhões nos sufocaram
A língua, a fé, a alma perdida
Primeiro chegaram portugueses
Também vieram os espanhóis
Levavam nossas riquezas
Deixavam facas e anzóis
Estados
No começo os portugueses
criaram as tais capitanias
imensas faixas da terra
foram dadas por franquia
Em algumas plantaram cana
noutras botaram café
também cavavam a terra
pra encontrar o que levar
Rios do Brasil
E esse povo tão diverso
atrás de um mundo mais feliz
foi entrando mata adentro
subindo os rios do país
Tietê, Paranayba
São Francisco, Urucuia
Vermelho, Uraricoera
Tocantins, Araguaia
Subindo o Buranhéim
é estranho mas vieram
No Planalto Central
certo dia eles chegaram
Árvores do Brasil
Façamos jus a nossas árvores
Tronco de nossas existências
Em seus xilemas correm os rios,
Nos seus galhos cantam pássaros,
Dos seus frutos vêm sabores
Das flores suas cores e odores
despertam os nossos sentidos...
Tem também a sombra e a beleza
E se isso não bastasse
Tem a semente que alimenta
a nossa esperança...
Se entre as suas letras
brotasse de repente um ene
floresceria o nome Brasileína
épico da nossa terra e língua
Das caravelas avistadas
balouçavam ao vento tupiniquim
verdes altas lindas e brejeiras
assim se descobriu
Pindorama a Terra das Palmeiras
Depois os próprios índios
Revelaram outro tesouro fincado no solo
O pau-rosado ou pau-brasil.
E entre Terra de Vera Cruz e outras
Pindorama virou: Terra-Brasilis, de brasa
Depois: Terra do Brasil, da brasa
Depois simplesmente Brasil! Ardente
Tudo por causa da brasileína
O corante cor-de-brasa, vermelho intenso
E pelos próximos 375 anos
Passou a colorir as roupas da nobreza
Utilidades em beleza
E até a tinta de escrever...
Quase extinta
Hoje tem dia nacional
É símbolo nacional
É protegida por decreto
Mas, poucos a conhecem...
Caesalpinia echinata tem flores-amarelas
Que surgem no início da primavera
Tem espinhos no tronco acinzentado,
Por isso echinata, morfologia vegetal, não importa...
Suas pequeninas folhas balançam ao vento mais leve
Hoje faz música em violinos
Seu dia é três de maio – Pau-brasil
E assim começou a história do nome Brasil
A exploração da Terra-Brasilis e o
Espaço no Brasiléia destinado as
Árvores do Brasil
Com sua graça e beleza
Que desfilem e deslizem por nossos
Blocos, grafites e papéis
As outras tantas nossas árvores do Brasil
....
Sentidos
Essa terra é muito airosa
tem perfumes e odores mil
atravessando cinco séculos
formou-se o bodum do Brasil
Ibéribárbaros e mouros
Negros d'Angola ou Dagomé
com Flamengos e Italianos
Franceses e seu cammembé
Crilouros e judárabes
orientupis, tapuias,
cabindas, tropicanos
todo mundo que quiser
mestiço, miscigenado
no raro caldo racial
desta bela e nobre raça
chamada de pau-brasil
Pássaros
Nessa terra tem mil pássaros
cantam aqui como acolá
melodias sete notas
sol lá si... dó ré mi fá
Saracura na manhã
colibri no meu quintal
tem rolinha e curió
tem de noite o bacurau
Canarinho cantadô
merencório uirapuru
bemtevi e trinca ferro
tico tico no fubá
Tem sofrê tem azulão
tem nhambú tem tangará
inda canta nas palmeiras
nas floresta o sabiá
Patativa juriti
tempera viola e anu
pintassilgo e pica pau
acauã e murututu
Seriema caburé
cambaxirra jaçanã
tiê sangue alma de gato
mãe da lua e acauã
Irerê meu passarim
no sertão do cariri
asa branca e curiango
tem jandaia e tem saí
Tem pipira e anambé
iratauá e tiziu
bicudo e corruíra
Pindorama, céu de anil
Aquarela
Se permitis vós a graça
De aqui pintar sua luz
Em formas multicoloridas
Nossa Brasiléia nos seduz
Ao vermelho terra intenso
Tons pastéis vem se mesclar
Ocres, sépias, liláses, ambar
No relevo a se abraçar
Céu azul indescritível
Denso sem começo ou fim
E o crepúsculo horizonte
Casa ao amarelo o carmim
Maravilha se formando
Do arco-íris nos vem brindar
Com os matizes dessa Terra
A nos conduzir e abençoar...
As aves que...
Minha terra inda resiste
no encanto de um Sabiá
cantava alegre em seu swing
mas jaz inerte e calado
pela força do estilingue
O Sabiá mesmo sábio
não sabia que alguém
por absurda tirania
pudesse mesmo acabar
com sua linda melodia
E o outro sem perceber
que assim abafava o canto,
acabava com a beleza
matava um pouco do encanto
das aves que aqui gorjeiam
E não gorjeiam como lá
Lá, em terras d'além mar
nem mais florestas existe
onde não mais se gorjeia,
vive ali um povo triste
nostálgico da natura
contido a cantar seu fado
Foi levado a um Museu
pra toda gente estudar
empalhado olho de vidro
como um símbolo emplumado
Pindorama, das palmeiras
na vitrine o Sabiá
Memória não morrerá.
Doce cana
A cachaça pinga forte
no alambique bronzeado
cobre verde e doura a planta
que fermenta o caldo santo
que nos faz endiabrados.
Diabo e deus que acasalam
com a cana pura e puta
onde ceifam muitas vidas
onde sonhos são plantados
onde a morte nasce em leiras
onde o sol brilha dobrado.