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De Sexta Poética
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(8/11/10)
 
Meninos-trapo
Meninos-lixo
São como farrapos
Com seus andrajos
 
Carentes
Doentes
Perdidos
Em bando
 
Procuram o sonho
Na pedra de Crack
Que, misteriosa
De mão em mão vem
 
Dividida
Partilhada
Separam-se todos
Somem nas ruas
 
Tão certos do sonho
Tão crentes na vida
Que vida ?
Que vida !
 
Meninos-trapo
Meninos-lixo
São como farrapos
Com seus andrajos
 
São como urubus
Em volta da morte
Não querem ser vistos
E quem os quer ver ?
 
Sujos
Torpes
Resto do resto
Não vêem além
 
Meninos-trapo
Meninos-lixo
São como farrapos
Com seus andrajos
 
Que mundo feio
Que mundo triste
Que mundo vil
 
Meninos-trapo
Meninos-lixo
São como farrapos
Com seus andrajos
 
Que vergonha profunda
De ter meus caprichos
De tantos quereres
De tantos melindres
 
Pedaços de mim
Lhes peço desculpas
Por ser tão inútil
Por ser tão pequena
 
Meninos-trapo
Meninos-lixo
São como farrapos
Com seus andrajos
 
Quisera poder
Dar-lhes meu colo
Meu peito
Meu leite
 
Quisera poder
Trazer-lhes de volta
Afastar os seus medos
Tirar dos seus olhos,
O vazio da dor
 
Meninos-trapo
Meninos-lixo
São como farrapos
Com seus andrajos
 
Quisera poder
Lhes dar outra chance.

Edição atual tal como às 12h05min de 30 de agosto de 2012