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Vários séculos passaram sem jamais alguém | |||
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Até um dia quando passou por ali uma pessoa. | |||
Vinda de outras altitudes, essa pessoa podendo ser facho de luz para o caminho, | |||
Preferiu ser como um relâmpago no escuro, | |||
E solidária ao poeta, | |||
E eis que novamente esquecida e abandonada no tempo | |||
a Dorstenia segue alheia a epidemia e carências; repousa | |||
E solidária ao poeta, se oferece | |||
A lhe fazer companhia. | A lhe fazer companhia. | ||
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Edição das 15h59min de 7 de abril de 2020
Protegida de pisadura de gado
e escondida
da passagem de gente,
repousa a Dorstenia heringer,
testemunha cretácea do Planeta.
Plantinha entre plantinhas,
folha carnuda e fruto um cogumelo amarelo
invertido e aberto
— mocó da Serra da Capivara,
assiste estática o passar das eras.
Sem ninguém para perguntar sua identidade
se ela gosta de chuva ou clima seco
se gosta de frio ou de calor
sol ou sombra, é comestível essa planta?
Medicinal?
Vários séculos passaram sem jamais alguém
dar-se ao trabalho.
Até um dia quando passou por ali uma pessoa.
Vinda de outras altitudes, essa pessoa podendo ser facho de luz para o caminho,
Preferiu ser como um relâmpago no escuro,
E eis que novamente esquecida e abandonada no tempo
a Dorstenia segue alheia a epidemia e carências; repousa
E solidária ao poeta, se oferece
A lhe fazer companhia.