Sobre comércio: mudanças entre as edições
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Essa mania de escrever também chamada comichão da escrita ocupa-nos mais tempo do que seria conveniente. E os assuntos são quaisquer, vêm de não se sabe onde e ficam tamborilando na mente, vez por outra não há outro remédio senão abrir o aplicativo e catar letras no teclado, formar palavras, criar sentidos e aplacar o comichão. | Essa mania de escrever também chamada comichão da escrita ocupa-nos mais tempo do que seria conveniente. E os assuntos são quaisquer, vêm de não se sabe onde e ficam tamborilando na mente, vez por outra não há outro remédio senão abrir o aplicativo e catar letras no teclado, formar palavras, criar sentidos e aplacar o comichão. | ||
Outro dia fui numa loja de cosméticos, com nome um pouco pretencioso, mas afinal assim são as coisas. Era o “mundo dos cosméticos”. Essa pandemia me fez deixar os cabelos sem corte, já contei aqui mas vou repetir para os que não leram. Fiz uma promessa (sem santo definido) de não cortar o cabelo até tomar a vacina. Tomei a primeira dose e estendi a promessa até a segunda dose. Tomei a segunda, mas logo circulou a notícia que uma terceira dose seria necessária, e mais uma vez mantive a promessa. Entrementes, o cabelo foi crescendo. E entrei então naquele mundo dos cosméticos com intenção de comprar um produto para o cabelo que eu usava mesmo com cabelo não tão comprido como agora e que o tornava menos revoltoso. Não achei da marca conhecida, mas outro mais específico à minha atual necessidade, o rótulo diz que previne o frizz. Comprei, satisfiz portanto minha necessidade. Paguei e fiquei por ali olhando uma coisa e outra, imaginando uma solução, digamos, mecânica. | Outro dia fui numa loja de cosméticos, com nome um pouco pretencioso, mas afinal assim são as coisas. Era o “mundo dos cosméticos”. Essa pandemia me fez deixar os cabelos sem corte, já contei aqui mas vou repetir para os que não leram. Fiz uma promessa (sem santo definido) de não cortar o cabelo até tomar a vacina. Tomei a primeira dose e estendi a promessa até a segunda dose. Tomei a segunda, mas logo circulou a notícia que uma terceira dose seria necessária, e mais uma vez mantive a promessa. Entrementes, o cabelo foi crescendo. E entrei então naquele mundo dos cosméticos com intenção de comprar um produto para o cabelo que eu usava mesmo com cabelo não tão comprido como agora e que o tornava menos revoltoso. Não achei da marca conhecida, mas outro mais específico à minha atual necessidade, o rótulo diz que previne o frizz. Comprei, satisfiz portanto minha necessidade. Paguei e fiquei por ali olhando uma coisa e outra, imaginando uma solução, digamos, mecânica. Perguntei sobre um diadema (palavra grega, que veio pelo latim, faixa ornamental com que os soberanos cingiam a cabeça, o popular arquinho, não é indicado para conter o “frizz”, mas também segura o cabelo, funciona). A moça meio desinteressada me mostrou um, comprei e paguei apressado, dando ares de homem muito atarefado na vida. Tiro pela culatra. O arco de cabelo deve ficar bem na cabeça de uma criança, mal entra na minha. O prejuízo não foi grande, mas a sensação de ter sido engrupido deixou um travo na garganta. | ||
Ontem foi a vez da caixa acoplada do meu banheiro. Maus vendedores são uma praga que assola o país. Numa loja de material de construção — AC Coelho, deixo registrado (só não falo o nome do vendedor porque esqueci), comprei “aquela peça que fica dentro da caixa acoplada da descarga” foi como pedi. O vendedor não titubeou, me apontou a peça no mostruário e foi categórico: é essa. Comprei, paguei e guardei meses até chamar um profissional para trocar a peça e reparar o vazamento de água, pequeno mas renitente. De novo o travo na garganta ao receber a explicação correta. O sistema de descarga tem duas partes, uma parte é a “torre de saída”, que eu comprei e custa o dobro. Essa estava perfeita — e a outra parte, “ a boia”, com defeito, a metade do preço. Arg! | Ontem foi a vez da caixa acoplada do meu banheiro. Maus vendedores são uma praga que assola o país. Numa loja de material de construção — AC Coelho, deixo registrado (só não falo o nome do vendedor porque esqueci), comprei “aquela peça que fica dentro da caixa acoplada da descarga” foi como pedi. O vendedor não titubeou, me apontou a peça no mostruário e foi categórico: é essa. Comprei, paguei e guardei meses até chamar um profissional para trocar a peça e reparar o vazamento de água, pequeno mas renitente. De novo o travo na garganta ao receber a explicação correta. O sistema de descarga tem duas partes, uma parte é a “torre de saída”, que eu comprei e custa o dobro da outra. Essa estava perfeita — e a outra parte, “ a boia”, com defeito, a metade do preço. Arg! | ||
Indiferente aos assuntos sociológicos, comportamentais, ou coisa que o valha, a nova variante do coronavírus ganhou um nome à altura da sua esquisitice — nos atemoriza agora a Ômicron. E bola pra frente que atrás vem gente. | Indiferente aos assuntos sociológicos, comportamentais, ou coisa que o valha, a nova variante do coronavírus ganhou um nome à altura da sua esquisitice — nos atemoriza agora a Ômicron. E bola pra frente que atrás vem gente. | ||
[[Categoria: Crônicas da pandemia]] | [[Categoria: Crônicas da pandemia]] |
Edição atual tal como às 15h09min de 4 de dezembro de 2021
Essa mania de escrever também chamada comichão da escrita ocupa-nos mais tempo do que seria conveniente. E os assuntos são quaisquer, vêm de não se sabe onde e ficam tamborilando na mente, vez por outra não há outro remédio senão abrir o aplicativo e catar letras no teclado, formar palavras, criar sentidos e aplacar o comichão.
Outro dia fui numa loja de cosméticos, com nome um pouco pretencioso, mas afinal assim são as coisas. Era o “mundo dos cosméticos”. Essa pandemia me fez deixar os cabelos sem corte, já contei aqui mas vou repetir para os que não leram. Fiz uma promessa (sem santo definido) de não cortar o cabelo até tomar a vacina. Tomei a primeira dose e estendi a promessa até a segunda dose. Tomei a segunda, mas logo circulou a notícia que uma terceira dose seria necessária, e mais uma vez mantive a promessa. Entrementes, o cabelo foi crescendo. E entrei então naquele mundo dos cosméticos com intenção de comprar um produto para o cabelo que eu usava mesmo com cabelo não tão comprido como agora e que o tornava menos revoltoso. Não achei da marca conhecida, mas outro mais específico à minha atual necessidade, o rótulo diz que previne o frizz. Comprei, satisfiz portanto minha necessidade. Paguei e fiquei por ali olhando uma coisa e outra, imaginando uma solução, digamos, mecânica. Perguntei sobre um diadema (palavra grega, que veio pelo latim, faixa ornamental com que os soberanos cingiam a cabeça, o popular arquinho, não é indicado para conter o “frizz”, mas também segura o cabelo, funciona). A moça meio desinteressada me mostrou um, comprei e paguei apressado, dando ares de homem muito atarefado na vida. Tiro pela culatra. O arco de cabelo deve ficar bem na cabeça de uma criança, mal entra na minha. O prejuízo não foi grande, mas a sensação de ter sido engrupido deixou um travo na garganta.
Ontem foi a vez da caixa acoplada do meu banheiro. Maus vendedores são uma praga que assola o país. Numa loja de material de construção — AC Coelho, deixo registrado (só não falo o nome do vendedor porque esqueci), comprei “aquela peça que fica dentro da caixa acoplada da descarga” foi como pedi. O vendedor não titubeou, me apontou a peça no mostruário e foi categórico: é essa. Comprei, paguei e guardei meses até chamar um profissional para trocar a peça e reparar o vazamento de água, pequeno mas renitente. De novo o travo na garganta ao receber a explicação correta. O sistema de descarga tem duas partes, uma parte é a “torre de saída”, que eu comprei e custa o dobro da outra. Essa estava perfeita — e a outra parte, “ a boia”, com defeito, a metade do preço. Arg!
Indiferente aos assuntos sociológicos, comportamentais, ou coisa que o valha, a nova variante do coronavírus ganhou um nome à altura da sua esquisitice — nos atemoriza agora a Ômicron. E bola pra frente que atrás vem gente.