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É uma ode à subjetividade, um sítio onde pode-se ler o que outras pessoas escrevem e onde qualquer pessoa pode escrever à vontade. | |||
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Edição atual tal como às 12h10min de 29 de junho de 2023
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POEMA DA SEMANA
Sexta, 20/02/2009 POEMA DE ONZE FACES
1.
Quando eu nasci
um gerente chamado Norminha
(parecia-se com a personagem antiga do Jô Soares)
disse agora você é mais uma peça
e o Grande Relógio não pode parar.
Menor estagiário, obedecia todas as ordens
e controlava o entra-e-sai de cartas
colocando-as sempre nos escaninhos certos.
2.
Na saída/entrada do Sede Dois
um carro preto de filme americano
me jogou para o alto e eu passei 2 meses na UTI.
Cumpri estágio no inferno mas dEus nos trouxemos de lá.
3.
Quando eu renasci
um anjo torto desses que calçam sapatos brancos
disse volta Névio, que qualquer debilóide faz aquilo.
4.
A máquina engolia cheques
partidas, relatórios, balancetes
e tudo virava microfilme.
Mais tarde, numa sala escura
procurava-se dobras, procurava-se falhas
procurava-se motivos para não dormir.
5.
Hotel Nacional de Brasília, I Encontro Brasileiro TV-Educação
um chefe que não existia era contra abono
Eu que não era muito assíduo
consegui transferência para o DESED.
6.
Filmei jogo de truco em Goiás
vi pegadas de dinossauro em Souza, na Paraíba
empurrei kombi quebrada, andei de canoa no Rio Negro.
Entrevistei criador de bode na beira do São Francisco
visitei usina de álcool numa terra-de-ninguém, que Chico Mendes pensou ser sua
comprei um par de sapatos em Franca.
Andei na locomotiva de São João del Rei
nada apostei no Balneário do Cassino, em Rio Grande
mas me apaixonei em Pomerode.
7.
Quando pensei escrever
com a própria vida meus poemas
fazia verso livre, fazia verso solto, fazia verso e anverso,
outro anjo daqueles que se vestem de branco
mandou-me malas arrumadas às pressas
e lá fui eu fazer equoterapia... psiu, vem cá...
uma casa estranha com janelas altas e vidros não-sei-o-quê.
Vesti camisa-de-malha-apertando, passei dias impregnado
fiz artesanato, pintei com tinta guache, fiquei mansinho-da-silva
e relembrei quais eram os escaninhos certos.
8.
Anoiteceu durante alguns anos
o reajuste zero, o silêncio medonho nos sindicatos
uma ave bicuda pairando no céu
9.
De tanto o vento soprar
as gentes mudaram a direção
e Educador corporativo
cada dia aprendo e ensino um caminho novo para a transgressão
10.
Talvez não devesse lhes dizer
mas as concessões necessárias
as inevitáveis vassalagens
o preconceito embutido no discurso bonito
os fatos consumados
os acidentes de percurso
todas as formas de atropelamento...
tudo isso deixa a gente sem saber
se a raiz quadrada de nove é mesmo três -
e aos poucos corroem o fígado da gente.
11.
Sem aquela capacidade juvenil
que antigamente possuías de te iludires
não podes ir tão longe, senta-te, descansa. Nevinho
Já publicamos 603 criações literárias.
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