Gênesis: mudanças entre as edições

De Sexta Poética
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Estive morto  
Estive morto  
E só estou voltando para o que era
E só estou voltando para o que era
E que por um feliz acaso
Antes que por um feliz acaso
E combinações de leis naturais
E combinações de leis naturais
Um conjunto de fluxos de energias criativas
Um conjunto de fluxos de energias criativas

Edição das 09h34min de 18 de setembro de 2009


Não tenho medo de morrer
Porque não tive medo de nascer
Quando a chama desta coincidência
Chamada vida se apagar
E os olhos pesados quiserem descansar
Certamente não culparei a nenhum deus
Por não ter sabido aproveitar
A maravilha da vida.
Lembrarei com saudades
Do pouco tempo que passei
Dos pequenos milagres que vivi
Mas não me desesperarei por deixar de ser
Afinal,por bilhões, senão trilhões
De anos no tempo infinito
Estive morto
E só estou voltando para o que era
Antes que por um feliz acaso
E combinações de leis naturais
Um conjunto de fluxos de energias criativas
Comporam o meu ser
(E não outro, o que seria chato para mim)
Que nada é além do que uma limitação
De causações e composições
Que não posso chamar de "Eu"
Que como um rio, mergulham sem parar
No fluxo do infinito e inexistente
Tempo
Fazendo parte de um vegetal aqui
De grandes águas ali, um minério aqui
Grandes animais aquáticos
Animais alados nos céus
Seguindo de eón em eón
Desde antes dos planetesimais
De grandes explosões
Seguindo por eventos sinistros e desconhecidos
Antes de qualquer ideal e deus
Em guerras, revoluções, amores
Dores, alegrias, sofrimentos
Homens, mulheres
Animais...
Dos céus ao mais profundo abismo
Do coração de estrelas já mortas
Até as águas profundas do Tartáro
Cada componente do meu ser
Recebe e retorna do fluxo
Dos elementos universais
Diariamente
Como um pequeno lago
Alimentado pelas forças
Do grande e corrente mar
Sendo nomeado como lago
Mas nunca sendo o mesmo lago
Dia a dia (e isto que lhe dá vida!)
Eu um lago forjado ao acaso, simples
Sem deuses, sem grandes explicações
Apenas sujeito as leis coincidentes
Seletivas, universais, banais.

Mas um dia se o lago secar
Entenderei que outros lagos
Deverão vir a existir e ser alimentados
Outros acasos de sorte
No espaço-tempo contínuo
Como eu, que sou um acaso muito particular
Que não hesitará de viver
Enquanto puder viver
Mas que quando as cortinas descerem
E o véu entre a morte e a vida
Se rasgar
Saberei deixar para trás um rastro
Importante, insignificante
A ser apagado no rumo da Eternidade.