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Tenho muito que escrever | Tenho muito que escrever | ||
vidas amassadas esmigalhadas | |||
atropeladas mal contadas | |||
Todos as têm... | Todos as têm... | ||
Ninguém as passa a limpo | Ninguém as passa a limpo | ||
ninguém as escreve ou descreve | |||
vão a roldões, as multidões | |||
fazendo borrões sobre borrões | |||
Há alguns | Há alguns poucos corajosos | ||
que desnudam desvendam e revelam | |||
seus rascunhos borrados | |||
traços mal escritos de suas vidas | |||
Sujos de poeira | Sujos de poeira café feijão | ||
arroz cera cimento tijolo | |||
tinta sémen pólen... Por vezes mel | |||
quase sempre açucarado de tanto esperar | |||
Esses fazem parte de uma classe | Esses fazem parte de uma classe | ||
discriminada sonhadora por vezes chamada | |||
de sofredores melancólicos... | |||
Esses são os poetas | Esses são os poetas | ||
Insistem | Insistem passar a limpo tudo | ||
e vêem beleza até no lixo que se forma | |||
e daquele lixo renascem | |||
Pr'á começar tudo de novo... | Pr'á começar tudo de novo... | ||
Edição das 21h22min de 21 de outubro de 2009
<poem> Tenho muito que escrever vidas amassadas esmigalhadas atropeladas mal contadas Todos as têm...
Ninguém as passa a limpo ninguém as escreve ou descreve vão a roldões, as multidões fazendo borrões sobre borrões
Há alguns poucos corajosos que desnudam desvendam e revelam seus rascunhos borrados traços mal escritos de suas vidas
Sujos de poeira café feijão arroz cera cimento tijolo tinta sémen pólen... Por vezes mel quase sempre açucarado de tanto esperar
Esses fazem parte de uma classe discriminada sonhadora por vezes chamada de sofredores melancólicos... Esses são os poetas
Insistem passar a limpo tudo e vêem beleza até no lixo que se forma e daquele lixo renascem Pr'á começar tudo de novo...
27/09/2009