A Pérola e o Navegante: mudanças entre as edições
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Edição das 19h56min de 15 de abril de 2011
<poem> Assim como as ondas do mar que vem e que vão infatigavelmente ao encontro do cálido toque de novos grânulos, assim também, o navegante de mares e trilhas aportou
Ondas distantes o trouxeram deslizando por canais suaves, translúcidos, quase transparentes Como células que viajam pelo ar, através de feixes luminosos Veio de um tempo longínquo e trilhas apartadas Em sua bagagem muitos sóis, flores, luas, estrelas e signos Entoava um sopro de encantação... De criatura ao Criador
A praia estava deserta, calma, serena Em sua modesta forma de existir! Vipaśyanã Em suas areias não se viam pegadas, nem marcas Uma brisa campestre matinal cuidava de varrê-la de tempos em tempos, deixando-a tênue
O tempo descansava em outra dimensão Por essa janela atemporal, o céu se abriu revelando um espetaculoso prisma, que a tudo transforma... Luz em cores... Invisível em perceptível
Através desse espectro luminoso observou-se estrelas que brilhavam na abóbada celeste e outras no limiar dela - Espetáculo lucidante de naturezas diversas Nesse instante, ouviu-se o tilintar de conchas cristalinas Chocaram-se uma e outra, anunciando a chegada do navegante
No altar da colina, um tanto desorientado e de passos leves o navegante compareceu. Evocava a figura de um cavalheiro que traz em sua carruagem nobres tesouros... Manifestou com delicadeza seu propósito no ancorar-se Seus gestos eram cuidadosos e minuciosos
Viera em busca de uma pérola remotamente vista em seus sonhos Imagens criadas por aqueles que passam longos períodos a navegar... Brisa e vento se aproximaram...Serpearam-se Assim como a labareda e o fogo A gota e o mar. E a lua e o sol O grão-de-areia e o manto que orla o universo dos corpos salinos a todos encobriram...
Sob esse manto ouviram-se sussurros suspiros, murmúrios e silêncios E nada mais... Nem a brisa, nem o vento nada sopraram Se existira a pérola ou foram quimeras Nem a lua, nem o sol nenhuma direção apontaram Nem o destino ou a trilha do digno navegante
Apenas a labareda que no seu fogo ascende aos céus E a gota que no seu mar se materializa Contam-nos que logo depois que as estrelas se apagaram Todos os elementos se deram a novo descanso E voltaram cada um para sua dimensão E ali, sob aquele manto de areia Bem nas profundezas da praia, ficaram enterrados O antes, o instante e o depois...