Sexta poética: mudanças entre as edições

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Você poderia ser aquele rosto mudo
O que estás sentindo agora
que do meu lado costumava caminhar
não se transforma em verso
Poderia ser o sol do meu universo
Não sabes o que fazer
ou a chuva que me umedece e me deixa fértil
onde ir, quem procurar
Guarda então na pasta rascunho a mensagem incompleta
Aguarda que o verso se forme
como sempre aconteceu
Não te pertubes, em seu próprio tempo ele virá
O verso bem sabes tem um tempo próprio para nascer
tudo na vida hora para acontecer
e a morte, como sabes, para chegar


Você poderia ser o construtor dos meus sonhos
Os dias de palavras fáceis se foram
ou o personagem romântico que nunca se esquece
agora cada vírgula importa
Poderia ser o jardineiro do meu vergel
o sorriso a lágrima mesmo o olhar distante
ou aquele polinizador fiel de minhas flores
têm significado especial - psiu, queda silente
no domingo, dê-se ao domingo
e durante a semana não queiras retê-la
nem apressá-la
De algum modo o que estiveres sentindo continua
nas páginas seguintes...


Você poderia ser o bandido que me roubaria de mim
ou o cavaleiro que me domaria na cavalgada
Poderia ser o pianista daquela bela canção
ou o "danseur noble" na execução do nosso adágio
Você poderia ser o tecelão de minha vestimenta
Teceria um manto dourado com meus próprios pêlos
que ao mais leve toque se eriçam antecipando o que estar por vir
ou ser o próprio manto que no meu despir, me aquece
Você poderia ser a face funda e segura do mar de minha concha
ou o caçador de conchas que me cultivaria no arco de seu abdômen
Poderia ser minha fonte de água límpida e cristalina
ou o leito que vem das colinas para meu rio correr
Você que parece tão certo e seguro...
Tão relaxado e misterioso...
Tão frugal e fugaz...
Seus passos de jaguar ninguém pode ver
Você poderia ser isso tudo e o motivo para tudo eu ser
E eu gardaria seu sorriso numa caixinha de papel machê
Seu olhar, na casca do fruto do pau-rei. Enfeitaria-o com flores de ipê
Cuidaria dos seus dias, de suas noites e de seus sonhos
Esculpiria seu rosto pelos rochedos
e guardaria suas mãos em dois lugares:
Uma no meu seio esquerdo
E a outra por entre minhas coxas
E com minhas mãos eu acariciaria seus cabelos
E meus lábios beijariam seus olhos
E meus olhos se fechariam num longo suspiro
E eu me quedaria do lado esquerdo do seu peito
E assim faria todas as noites,
por todos os dias...
Nesta vida e
para sempre!
Inspirado pela música She - Charles Aznavour
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Edição das 08h11min de 23 de julho de 2010

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Nevinho

O que estás sentindo agora
não se transforma em verso
Não sabes o que fazer
onde ir, quem procurar
Guarda então na pasta rascunho a mensagem incompleta
Aguarda que o verso se forme
como sempre aconteceu
Não te pertubes, em seu próprio tempo ele virá
O verso bem sabes tem um tempo próprio para nascer
tudo na vida hora para acontecer
e a morte, como sabes, para chegar

Os dias de palavras fáceis se foram
agora cada vírgula importa
o sorriso a lágrima mesmo o olhar distante
têm significado especial - psiu, queda silente
no domingo, dê-se ao domingo
e durante a semana não queiras retê-la
nem apressá-la
De algum modo o que estiveres sentindo continua
nas páginas seguintes...

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