Bem te vi: mudanças entre as edições

De Sexta Poética
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Um dia, algumas horas, sei lá, um tempo depois, o piiiu evoluiu para piu piiúú: o menininho, ou o bem-te-vizinho tinha nascido, e aqueles bem te viram logo desapareceram. Vem por outra, durante esse ano, eu ouvia perdido por entre os galhos aquele mesmo canto.  
Um dia, algumas horas, sei lá, um tempo depois, o piiiu evoluiu para piu piiúú: o menininho, ou o bem-te-vizinho tinha nascido, e aqueles bem te viram logo desapareceram. Vem por outra, durante esse ano, eu ouvia perdido por entre os galhos aquele mesmo canto.  


Agora em dezembro, um ano depois...
Agora em dezembro, um ano depois, novamente passei a ouvir me ni niinnnho, me ni ninnnho... fiquei feliz até um o dia em que vi o filhotinho pendurado no ninho.
 
Os poetas gostam de falãr dos bem-te-vis, pássaros poéticos, ilustres. Mas de um bem- te-vi empalhado eu nunca li.

Edição das 13h17min de 20 de dezembro de 2016

Curiosos os bem te vis. Ou será bem te viram? Certo é que são curiosos. Ano passado cantavam na minha janela: me ni ninho enquanto traziam gravetos. Um certo dia, pararam de cantar me ni ninho... reparei que o ninho que estavam construindo ficara pronto e do seu interior eu ouvia piiiu. Na ilusão de criar uma inusitada familiaridade com o filhote, pensando que quando ele crescesse poderia se lembrar do meu timbre de voz, passei a chamá-lo. Sempre que eu ouvia seu piiiu, eu retrucava me-ni-ninho, mi-nii-niinnnho.

Na minha ilusão, depois de crescido e acostumado aos motores e buzinas e - diferente de mim, não se incomodasse com o rumming que chega do Eixão, ele reconheceria meu chamado: eu cantaria me-nii-niinnnho e ele pousaria no meu parapeito e me faria companhia para um chá da tarde.

Um dia, algumas horas, sei lá, um tempo depois, o piiiu evoluiu para piu piiúú: o menininho, ou o bem-te-vizinho tinha nascido, e aqueles bem te viram logo desapareceram. Vem por outra, durante esse ano, eu ouvia perdido por entre os galhos aquele mesmo canto.

Agora em dezembro, um ano depois, novamente passei a ouvir me ni niinnnho, me ni ninnnho... fiquei feliz até um o dia em que vi o filhotinho pendurado no ninho.

Os poetas gostam de falãr dos bem-te-vis, pássaros poéticos, ilustres. Mas de um bem- te-vi empalhado eu nunca li.