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::''“Non è bene che l’uomo sia solo''
Protegido de pisadura de gado
e escondido
da passagem de gente,
no meio da braquiária
repousa o Carapiá.


Testemunha cretácea do Planeta.
plantinha entre plantinhas,
folha carnuda e fruto um cogumelo amarelo
invertido e aberto
— feito um mocó da Serra da Capivara,
ele assiste estático o passar das eras.


Sim, lógico, poderia ser
Sem ninguém para perguntar sua identidade
Outra pessoa. Afinal
se ele gosta de chuva ou clima seco
O que mais importa nesse momento
se gosta de frio ou de calor
É uma companhia - qualquer uma
sol ou sombra, é comestível essa planta?
Pessoa, outra
Será Medicinal?
Poderia ser.
Vários séculos passaram sem jamais alguém
dar-se ao trabalho.


Pessoa qualquer
Até quando um dia passou por ali uma pessoa,
Que ame a natureza
descobriu seu nome, Caapiá, Capiá, Caiapiá,
Goste das plantas
Contraerva, Carapiá,
Defenda os animais
fez outras perguntas, achou outras respostas...


Pessoa qualquer que cuide da Lilica
Vinda de outras altitudes, essa pessoa poderia ser facho de luz para o caminho,
Zele pelo Dique
mas prefere ser como um relâmpago no escuro,
Tem carrapato? Esse caroço na barriga o que é?


Pessoa qualquer que admira Niède Guidon
Eis que novamente esquecida no tempo
Respeita Ana Maria Primavesi
e abandonada no capim crescido
Curte pintura rupestre e acredita na recuperação dos solos
a ''Dorstenia heringer'' sobrevive discreta
Se interessa pelo diferente, gosta das pancs, das frutas
alheia a epidemia e carências;
Exóticas (descobre nos cafundós de São Paulo
repousa escondida e faz do procurá-la
Alguém um rapaz peculiar que protege espécies,
companhia e distração para o poeta.
Faz muda e vende),
De cultivá-las no quintal
E anotar tudo no caderninho amarelo
A Acoaratinga, o Achachairu, a Abiurana, o Araçá piranga
Cereja-peba, a Perinha do cerrado
Anona montícula, Eugênia suberosa
Que dia foi plantada aquela caliandra
Germinaram as sementes do Araticum que dia
Hoje apareceu um casal de pássaros diferentes
Nunca tínhamos visto eram preto e amarelo
A ponta da asa era branca — descobre depois
Eram corrupiões


Uma pessoa assim que contemple o vale do Rio São Bartolomeu
E seus olhos  azuis brilhem cintilando perguntas:
O capão da onça onde fica no mapa, aqui?
Olhe para o cerrado esse bioma
E veja a vida cuja diversidade assombra
Pessoa curiosa pelo que tem dentro
E cresce escondido da atenção comum
Cura ferida?
Alimenta bicho?
Dá certo fazer um chá?
Atenta ao que existe à margem
E compõe nosso imenso mosaico — enfim,
No Planalto Central do Brasil
Alguém que descobriu nova razão de ser
É verdade mesmo
Hoje, aqui, agora
Precisava muito dessa pessoa bióloga e ambientalista
Que tem um nome sim, outras águas que formam outro vale
Bastante importante pra mim
Mas aos outros basta sabê-la professora
(detalhes, minúcias, segredos
Guardo todos pra mim)
Roncenho termista, mulher dolomítica
Infelizmente, não existe meia dúzia iguais assim
Quem me dera existissem duas
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Edição das 07h26min de 10 de abril de 2020

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POEMA DA SEMANA


Pandemia

Protegido de pisadura de gado
e escondido
da passagem de gente,
no meio da braquiária
repousa o Carapiá.

Testemunha cretácea do Planeta.
plantinha entre plantinhas,
folha carnuda e fruto um cogumelo amarelo
invertido e aberto
— feito um mocó da Serra da Capivara,
ele assiste estático o passar das eras.

Sem ninguém para perguntar sua identidade
se ele gosta de chuva ou clima seco
se gosta de frio ou de calor
sol ou sombra, é comestível essa planta?
Será Medicinal?
Vários séculos passaram sem jamais alguém
dar-se ao trabalho.

Até quando um dia passou por ali uma pessoa,
descobriu seu nome, Caapiá, Capiá, Caiapiá,
Contraerva, Carapiá,
fez outras perguntas, achou outras respostas...

Vinda de outras altitudes, essa pessoa poderia ser facho de luz para o caminho,
mas prefere ser como um relâmpago no escuro,

Eis que novamente esquecida no tempo
e abandonada no capim crescido
a Dorstenia heringer sobrevive discreta
alheia a epidemia e carências;
repousa escondida e faz do procurá-la
companhia e distração para o poeta.

Nevinho

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