Pandemia
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Protegida de pisadura de gado
e escondida
da passagem de gente,
repousa a Dorstenia heringer,
testemunha cenozóica do Planeta.
Plantinha entre plantinhas,
folha carnuda e fruto um cogumelo amarelo
invertido e aberto
—- mocó da Serra da Capivara,
assiste estática o passar das eras.
Sem ninguém para perguntar sua identidade
se ela gosta de chuva ou clima seco
se gosta de frio ou de calor
sol ou sombra, é alimentícia?
Medicinal?
Ninguém quer saber
até que vai passar por ali alguém (esse alguém,
a razão do poema).
Completamente esquecida do tempo
e alheia a epidemia e carências,
mas solidária ao poeta, ela se oferece
A lhe fazer companhia.