Pandemia

De Sexta Poética
Revisão de 16h07min de 7 de abril de 2020 por Nevinho (discussão | contribs)
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Protegida de pisadura de gado
e escondida
da passagem de gente,
repousa a Dorstenia heringer,
testemunha cretácea do Planeta.
Plantinha entre plantinhas,
folha carnuda e fruto um cogumelo amarelo
invertido e aberto
— mocó da Serra da Capivara,
assiste estática o passar das eras.
Sem ninguém para perguntar sua identidade
se ela gosta de chuva ou clima seco
se gosta de frio ou de calor
sol ou sombra, é comestível essa planta?
Medicinal?
Vários séculos passaram sem jamais alguém
dar-se ao trabalho.
Até um dia quando passou por ali uma pessoa,
Que descobriu seu nome e outras respostas...

Vinda de outras altitudes, essa pessoa podendo ser facho de luz para o caminho,
Preferiu ser como um relâmpago no escuro,

E eis que novamente esquecida e abandonada no tempo
a Dorstenia heringer segue alheia a epidemia e carências; repousa
e solidária ao poeta, se oferece a lhe fazer companhia.

Nevinho