Palavras pronunciadas à beira de um Túmulo
Teu Destino, tu sempre soubes
Onde era, onde descansarias
Cova fria e úmida, teu refúgio
Habitação solitária e limitada
Para toda a Eternidade.
Tinhas a formosura, a celeridade
No teu falar, no teu andar
Mas agoras é apenas uma alva
Estátua de carne vazia
Que não pode mais mover-se
Com graça mesmo se o quisesse.
Olha ao lado, de forma discreta
Como choram em torno do teu corpo
Carpideiras em trajes negros
Chorando, e maledizendo em palavras
Sussurrantes
Parentes inimigos reunidos
Cuspindo palavras profanas
Exaltando deuses da hipocrisia
Trazendo memórias distorcidas
De ti.
Tua beleza agora desvaneceu-se
Em rígidos traços e movimentos
Sob belas estátuas de deuses estranhos
E os vermes e insetos aguardam acarinhar
Tua pele, com dentes prestos
Para consumir a tua podridão
Tornando-se seus únicos amigos
Nestes momentos
De esquecimento
Dos teus dias
De vaidade.
As hárpias roçam suas asas piolhentas
Riem-se entre si, cochichando
E ansiando o momento
De refastelar-se contigo
E apenas aguardam o sinal do lobo
Para iniciar o banquete.
E agora, que todos partiram
Resta apenas eu aqui
Com mãos cansadas e sujas de terra
Pesaroso e pensativo
Desejando apenas trocar
De lugar contigo
Eu, sempre inconsequente
Lançando palavras vãs
Contra a face de um morto
E aspirando o adocicado cheiro:
O Cheiro do teu Túmulo aberto...