Sexta poética

De Sexta Poética
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POEMA DA SEMANA

Ozymandias/Prelúdio
Ozymandias

Bem vindos, vós todos, nesta noite, à minha humilde porta

A noite é escura e chuvosa para aqueles que nela desejam se aventurar
O ruído dos trovões se mistura às risadas dos sátiros nas sombras
E no meio desta desolação, vieste aqui buscar um abrigo noturno
Nesta que é a mais humilde das tavernas de todas estas regiões
Descansai vossos pés cansados, desamarrai as correias de vossas alparcas
E enquanto aguardais que a manhã talvez novamente desperte
Buscarei trazer refrigério às vossas carcaças pesadas e às vossas almas sedentas
Pois do que adianta ao homem salvar a sua alma, mas perder seu corpo?
Nós que fomos neste lugar esquecidos e abandonados pelos deuses
(eles fugiram de medo, mas não conte isto a ninguém)
Então porque não bebemos e cantemos, já que amanhã morreremos ?

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Acalmai-vos e não temais, aqui não há amarras de qualquer espécie
Deixai as máscaras nos cantos empoeirados, que depois as devolverei a vós
Mostrai-me os verdadeiros rostos cansados debaixo das aparências de piedade
Mostrai-me quem são, abaixo da aparência de deus, de pecador, de santo
De prostituta, bandido, parasita e inocente
Aqui ninguém irá violar vossas almas, ou vos recriminar
Aspirai com vontade a nauseante fumaça adocicada que serpenteia o ambiente
E enquanto vossos olhos vacilam e pesam, desejando que seus corpos sejam
Tomados e embalados carinhosamente pelo homem da areia
Eu vos cantarei sobre as histórias de Ozymandias.

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Ouvi-me e vinde, deixai-vos descansar aos meus pés
A minha voz é poderosa para elevar-se aos mais altos montes
E minha voz é doce para atingir às águas mais profundas
Elas são ágeis para tocar ao poente, e atingir as tribos do nascente
Minhas palavras são sedutoras, são perspicazes
Pois é a Musa que me inspira a tocar as cordas da sabedoria
Com a destreza de um pitagórico (e as palavras são entoadas com verdade)
Mas não estranharei se alheia a vontade do Demônio que me acompanha
Minhas palavras tomarem a forma de um Gênio maligno
Já que os homens são céleres em corromper o pensamento alheio
Pois seus ouvidos moucos são um abismo infernal,
Forjas hefestianas de demônios de ilusões
Que pretendem ouvir apenas aquilo que seu ventre deseja.

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