Sexta poética
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POEMA DA SEMANA
Cavucos insistentes em um lugar qualquer
A escavadeira bruta não rompe o solo
Temo não concluir o signo da mulher
Olho em volta em busca de consolo
Que faço nessa montanha, peito molhado, cansado
Busca de sonho, busca de ser e existir, busca...
O esforço é enorme, suor de alma, evidenciado
Ainda que a vista seja longa, o pensar ofusca
Uma gota escorre da testa. Arde e turva meus olhos
Ainda assim, perto de mim, uma mancha de solo fresco
A cavadeira retira rápido a terra a ser devolvida
No buraco exposto da terra ferida, coloco meu afresco
Um muda de ipê dourado desejando que adulta, grite
Porque sua beleza não se resume nos modos do ver
Flores amarelas gritam no coração de quem admite
E coração escuta mais do que se pode aperceber
Feita a obra, terra devolvida, ferida sanada
Obra entregue com feitio de mulher, plantada!
Guardo a escavadeira. Nas mãos, marca ralada
Viro as costas e desço trilha. Obra terminada!
Niro
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