SAUDADE I
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<poem>
A saudade é como um curral
guarda o ser dentro do ser feito animal
e a dolorosa lembrança, a principal,
a que arranha a memória como um punhal,
a que nos amedronta fazendo-se atual,
intimida mais que todo arsenal,
mais que as bombas, as guerras, todo mal,
da dor, do pânico, a causa essencial,
bem pode ser a meramente trivial,
declaradamente banal.
Assim, uma notícia de jornal, uma folha que cai, um ninhal, a beleza da nossa noite austral, a cerveja no bar tradicional, o corre-corre do dia-a-dia oficial enfim, seu mínimo sinal, dos velados, o mais velado sinal transporta-me à sua presença fatal.
Assim, do trivial, do mais banal, da vida, imenso caudal ou do lodo mais lodoso do meu lodaçal garimpo você, meu tesouro mineral.