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Nessas horas de descuidado com as horas, de melhor
cuidado com a vida, eu estava olhando pro céu, perdido
na noite em fantasias e aflições. De repente rasgou o
céu uma pontinha brilhante, singrou o espaço linda,
límpida, plácida. A mais linda estrela cadente que já vi.
A mais linda que já houve. Escorregou nos meus olhos
e se consumiu, se esfarelou, se apagou. Sumiu. Tive
vontade de mostrar pra alguém mas não havia ninguém.
Pareceu que apareceu só pra mim. Ninguém mais viu.
Lembrei que poderia fazer um pedido. Pensei em mim,
pensei nas amizades, nos amores, pesquisei nas carências,
nos azares, pesares e tristezas. Mas havia muitos desejos.
Escolher um significava excluir outros.
Preferir este era preterir aquele e todos os outros como
se fosse pra sempre. Em meio à confusão da prateleira
de desejos, à indecisão deste ou daquele ou daquele ou
deste, resolvi, num lapso de segundo, apenas pedir que me
viesse outra viajante igual, que não tem desejo, apenas
brilha no caminho traçado, decidida.
Nasce e morre sem desviar do destino. Apenas pedi outra.
Não veio.
Sempre desconfiei dessa estória de pedidos.
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