Cantiga das Águas
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Cantiga das Águas
I
Águas que vem e vão Há que parar para ver Há que parar para escutar
Antes não existiam Águas vieram e aqui se juntaram Habitam aqui há tanto tempo... Nem é tanto tempo assim! Mas, já parecem obra da Criação
Tomaram conta do seu berço Transformaram tudo à volta Já não são as mesmas águas... Mesmo que fossem, ainda assim Não seriam!
Hoje aqui fazem cantiga Cantiga de chuá O chuá vai perdendo o som Conforme toca o artista
O vento é que toca este instrumento Se forte, forte é o chuá Se fraco, não!
As cordas são as águas Como pode o vento tocar esse instrumento, Se as cordas são um mar de águas?
Mesmo assim ele toca! E aqui, onde estou, as cordas chegam divididas Umas atrás das outras...
Essa cantiga Esse movimento... Lembram-me a vida!
II
Vidas que vem e vão Há que parar para vivê-las Há que parar para deixá-las passar
Antes não existia esta vida Outras vieram e a ela se juntaram Habitam juntas tanto tempo Nem é tanto tempo assim! Mas, já parecem obra do Amor
Tomaram conta dos seres Transformaram tudo a volta Já não são as mesmas vidas Mesmo que fossem, ainda assim, Não seriam!
Hoje aqui faço cantiga Cantiga de choro O choro ora tem som, Ora não!
A lembrança é que toca esse instrumento Se triste, vem choro Se alegre, não!
As cordas são minhas vidas Como pode a lembrança tocar vidas, Se as cordas são um mar de vidas? Mas, mesmo assim elas tocam! E aqui, agora, como estou As vidas chegam divididas...
Uma após outra Dessa cantiga Desse movimento... Há de surgir outra vida!
III
Outras vidas, também, virão Há que parar para esperar Há que parar para deixá-las chegar.
O tempo será o instrumento Trará o tempo e compassos certos Sei que tudo se transformará Novas cantigas virão...
Há de serem sorrisos Mas, tudo vai e vem!
Zaida M. 01/05/2007
- Escrito as margens do Lago Paranoá, em Brasília