Borrões de Vidas
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<poem> Tenho muito que escrever Vidas amassadas, esmigalhadas, Atropeladas, mal contadas Todos as têm...
Ninguém as passa a limpo Ninguém as escreve ou descreve Vão a roldões, as multidões Fazendo borrões sobre borrões
Há alguns pouco corajosos Que desnudam, desvendam e revelam Seus rascunhos borrados Os traços mal escritos de suas vidas
Sujos de poeira, café, feijão Arroz, cera, cimento, tijolo Tinta, sémem, pólem... Por vezes Mel, quase sempre açucarado de tanto esperar
Esses fazem parte de uma classe Discriminada, sonhadora, por vezes chamada De sofredores melancólicos... Esses são os poetas
Insistem a passar a limpo tudo E vêem beleza até no lixo que se forma E daquele lixo renascem Pr'á começar tudo de novo...
27/09/2009