Pandemia
<poem> Protegido de pisadura de gado e escondido da passagem de gente, no meio da braquiária repousa o Carapiá.
Testemunha cretácea do Planeta. plantinha entre plantinhas, folha carnuda e fruto um cogumelo amarelo invertido e aberto — feito um mocó da Serra da Capivara, ele assiste estático o passar das eras.
Sem ninguém para perguntar sua identidade se ele gosta de chuva ou clima seco se gosta de frio ou de calor sol ou sombra, é comestível essa planta? Será Medicinal? Vários séculos passaram sem jamais alguém dar-se ao trabalho.
Até quando um dia passou por ali uma pessoa, descobriu seu nome, fez outras perguntas, achou outras respostas...
Vinda de outras altitudes, essa pessoa poderia ser facho de luz para o caminho, mas Prefere ser como um relâmpago no escuro,
Eis que novamente esquecida no tempo e abandonada no capim crescido a Dorstenia heringer sobrevive discreta alheia a epidemia e carências; repousa escondida e faz do procurá-la Companhia e distração para o poeta. </podem>