Para Ariel Rivanadeira
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- O que tenho a dizer é que vale a pena perseverar. E acho que sempre vale a pena, mesmo que às vezes não resulte em sucesso. De qualquer modo, sei que poderei dizer: "O meu sucesso é ter perseverado"...
- Não sei se tenho talento suficiente e não sei qual a minha predisposição para escrever um livro em prosa. Tenho predisposição quase inata para escrever poemas, estilo mais próximo da poesia.
No texto em prosa a poesia está mais diluída. O poema não, é expressão direta de poesia, não busca enredar o leitor numa trama poética. O poema dá o bote e vai direto ao cerne. A estratégia é dar pistas e conseguir surpreender a cada verso.
Um texto em prosa deve recriar situações para envolver o leitor e levá-lo a descobrir paulatinamente a poesia incrustrada na vida. - Sim, tenho síndrome de atropelamento. É tanto pra falar que as palavras atropelam-se, as idéias velozes chegam e vão embora antes de formuladas em frases coesas.
Eu invento alguém assim como eu que goste de pensar em decassílabos, que estou certo não me sabotará e que quando não houver lógica no que eu digo ele entenda e faça dos rascunhos belos textos. - No suor dos rostos vejo brilho poético / Dos bares, das oficinas escuras / busco a matéria prima literária...
Em 1985, para realizar o projeto final do meu curso de cinematografia na Universidade precisávamos fazer um roteiro de um documentário na rodoviária de Brasília _ tarefa indicada pelo Professor de cinema da UnB Vladmir Carvalho.
No ano anterior eu havia conduzido um seminário em sala de aula para o Professor Clodo (do grupo musical Clodo, Clésio e Climério) baseando-me no livro A Coragem de Criar, de Rolo May.
Em resumo, o que Rolo May ensinava é que a criatividade é fruto da experiência concreta do criador e do compromisso que ele assume com a realidade. Com isso em mente, fui à rodoviária e acabei desenvolvendo o roteiro do filme Infância, baseado no processo fotográfico adotado pelo lambe-lambe (fotógrafos ambulantes), pontuando metaforicamente fatos e acontecimentos de Brasílai e do Brasil.
Assim, o fatos do freguês vestir o paletó, pentear o cabelo, apertar o nó da gravata estavam relacionados à fase de construção de Brasília. Quando o fotógrafo dispara o obturador da câmara era relacionado à inauguração da cidade, em 1960, e assim por diante.
O roteiro ficou bom, mas ainda faltava algo que eu não sabia o que era, mas sabia que só podia ser encontrado na realidade do Lambe-lambe, da rodoviária, de Brasília ou do Brasil. O projeto ficou em stand by, engavetado, esperando...
Um dia, lendo um suplemento do Correio Brasiliense sobre o projeto Bem-te-vi, idealizado pela cineasta Tânia Quaresma, li uma entrevista com o Poeta Ferreira Gullar e soube que ele fora o primeiro Diretor Presidente da Fundação Cultural do Distrito Federal. Era a peça que faltava para o mosaico que eu estava compondo. - ...
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