A Pérola e o Navegante

De Sexta Poética
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<poem> Assim como as ondas do mar Que vem e que vão infatigavelmente Ao encontro do cálido toque de novos grânulos Assim, também, o navegante de mares e trilhas aportou

Ondas distantes o trouxeram deslizando por canais Suaves, translúcidos, quase transparentes Como quem viaja pelo ar, através de feixes luminosos Veio de um tempo longínquo e trilhas apartadas Em sua bagagem muitos sóis, flores, luas, estrelas e signos Entoava um sopro de criatura ao Criador, encantação...

A praia estava deserta, calma, serena Na sua sublime forma de existir... Vipaśyanã Nas areias não se viam pegadas, nem marcas Uma brisa campestre matinal cuidava de varrê-la De tempos em tempos deixando-a tênue

O tempo descansava em outra dimensão E, por essa janela atemporal, o céu se abriu Nele surgiu um prisma, que a tudo transforma... Principalmente, luz em cores, o invisível em visível

Através desse espectro luminoso Puderam-se observar estrelas que brilhavam no céu e na terra Espetáculo radiante de naturezas tão diversas Num instante ouviu-se o tilintar de conchas cristalinas Chocando-se umas nas outras, anunciando a chegada do viajante

No altar da colina, um tanto desorientado e de passos leves O viajante compareceu... Tal cavalheiro Que traz em sua carruagem nobres tesouros Deixou clara sua intenção de pouso Seus gestos eram bem articulados, bem pensados

Viera em busca de uma pérola vista em seus sonhos Imagens criadas por aqueles que passam longos períodos a navegar... Brisa e vento se juntaram Assim como a labareda e o fogo A gota e o mar E a lua e o sol O grão-de-areia e o manto dourado da orla azul do mar

Sob esse manto ouviu-se sussurros Suspiros, murmúrios e Silêncios E nada mais... E nunca mais!

Tivera-se notícias se a pérola existiu e Nem do destino do digno viajante... Conta-se, apenas, que logo depois Todos os elementos se deram ao descanso E voltaram cada um para sua dimensão E ali, sob aquele manto de areia Ficaram enterrados O antes, o instante e o depois...