Brasiléia: mudanças entre as edições

De Sexta Poética
Ir para navegação Ir para pesquisar
Linha 94: Linha 94:
melodias sete notas
melodias sete notas
sol lá si... dó ré mi fá
sol lá si... dó ré mi fá
<poem>
 
Saracura na manhã
Saracura na manhã
tem de noite o bacurau
tem de noite o bacurau
tem rolinha e curió
tem rolinha e curió
colibri no meu quintal
colibri no meu quintal
<poem>
 
Canarinho cantadô
Canarinho cantadô
merencório uirapurú
merencório uirapurú
bemtevi tem trinca ferro
bemtevi tem trinca ferro
tico tico no fubá
tico tico no fubá
<poem>
 
patativa juriti
Patativa juriti
tempera viola e anu  
tempera viola e anu  
seriema e pica pau   
pintassilgo e pica pau   
acauã murututu
acauã e murututu
<poem>
 
Seriema caburé
cambaxirra jaçanã
tiê e alma de gato
mãe da lua e acauã
 
Tem sofrê tem azulão
Tem sofrê tem azulão
tem nhambú tem tangará
tem nhambú tem tangará
Linha 115: Linha 120:
nas floresta o sabiá
nas floresta o sabiá
</poem>
</poem>
<poem>
 


==Aquarela==
==Aquarela==

Edição das 17h24min de 3 de março de 2010

A Brasiléia, o épico das multidões!

Ela explica-se a si mesma e, se acaso não vos explicar, basta pagar uma pinga que de bom humor vós ireis entendê-la!

Introdução

Minha terra não tem métrica
Que súbita harmonia
A Brasiléia não é épica
Seja uma ode à alegria

Uma multidão de heróis
Da pátria sem fronteiras
Constrói seu mutirão
À livre moda brasileira

vamos juntos nos fazendo
ao fazer essa canção
soltando fogos, uivos, vivas
à nossa miscigenação

Povos

No princípio éramos povos
De mil nomes línguas terras
Tínhamos nossas mil fés
Lutávamos nossas mil guerras

Araweté, Ashaninka,Yanomami
Karajá, Kaiapó e Guarani
Kaiagang, Kanoê e Banawa
Há muito tempo estamos por aqui

Despertávamos o sol, a lua
Por danças e invocações
Nos contavam as cachoeiras
Segredos das estações

Por séculos aqui vivemos
Com a natureza solidária companhia
florestas e rios, montanhas e mar
muitos perigos e muita alegria

Só há pouco vimos chegar
Em monção, bandeira e missão
Os arcabuzes da lusofonia
Berrando chumbo em tom cristão

Que por Índios nos abreviaram
Logo o nome, a terra, a vida
E em grilhões nos sufocaram
A língua, a fé, a alma perdida

Primeiro chegaram portugueses
Também vieram os espanhóis
Levavam nossas riquezas
Deixavam facas e anzóis

Estados

No começo os portugueses
criaram as tais capitanias
imensas faixas da terra
foram dadas por franquia

Em algumas plantaram cana
noutras botaram café
também cavavam a terra
pra encontrar o que levar

Rios do Brasil

E esse povo tão diverso
atrás de um mundo mais feliz
foi entrando a mata adentro
subindo os rios do país

Árvores do Brasil

Sentidos

Essa terra é muito airosa
tem perfumes e odores mil
atravessando cinco séculos
formou-se o cheiro do Brasil

Pássaros

Nessa terra tem mil pássaros
cantam aqui como acolá
melodias sete notas
sol lá si... dó ré mi fá

Saracura na manhã
tem de noite o bacurau
tem rolinha e curió
colibri no meu quintal

Canarinho cantadô
merencório uirapurú
bemtevi tem trinca ferro
tico tico no fubá

Patativa juriti
tempera viola e anu
pintassilgo e pica pau
acauã e murututu

Seriema caburé
cambaxirra jaçanã
tiê e alma de gato
mãe da lua e acauã

Tem sofrê tem azulão
tem nhambú tem tangará
inda canta nas palmeiras
nas floresta o sabiá


Aquarela

Se permitis vós a graça
De aqui pintar sua luz
Em formas multicoloridas
Nossa Brasiléia nos seduz

Ao vermelho terra intenso
Tons pastéis vem se mesclar
Ocres, sépias, liláses, ambar
No relevo a se abraçar

Céu azul indescritível
Denso sem começo ou fim
E o crepúsculo horizonte
Casa ao amarelo o carmim

Maravilha se formando
Do arco-íris nos vem brindar
Com os matizes dessa Terra
A nos conduzir e abençoar...

As aves que...

Minha terra não existe
No canto do Sabiá
Que jaz inerte e calado
Por força do estilingue

O Sabiá não sabia
Que por pura tirania
Alguem pudesse acabar
Com a sua melodia
Sem se aperceber que assim
Matava o canto, o encanto
Matava um pouco da terra
E das aves que aqui gorgeiam
E não gorgeiam como lá
E lá, onde não se gorgeia,
Foi parar o Sabiá