Brasiléia: mudanças entre as edições

De Sexta Poética
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cantava alegre em seu swing
cantava alegre em seu swing
mas jaz inerte e calado
mas jaz inerte e calado
Pela força do estilingue
pela força do estilingue


O Sabiá mesmo sábio
O Sabiá mesmo sábio
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por absurda tirania
por absurda tirania
pudesse mesmo acabar
pudesse mesmo acabar
Com sua linda melodia
com sua linda melodia


E o outro sem perceber  
E o outro sem perceber  
que assim abafava o canto,  
que assim abafava o canto,  
acabava com o encanto
acabava com a beleza
Matava um pouco da terra
matava um pouco do encanto
das aves que aqui gorgeiam
das aves que aqui gorgeiam
E não gorgeiam como lá
E não gorgeiam como lá
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e nem mais floresta existe  
e nem mais floresta existe  
onde não mais se gorgeia,
onde não mais se gorgeia,
Foi levado prum museu
Foi levado a um museu
emplumado e empalhado  
emplumado e empalhado  
o Sabiá
o Sabiá
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[[Categoria:Poemas abertos]]
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Edição das 18h15min de 3 de março de 2010

A Brasiléia, o épico das multidões!

Ela explica-se a si mesma e, se acaso não vos explicar, basta pagar uma pinga que de bom humor vós ireis entendê-la!

Introdução

Minha terra não tem métrica
Que súbita harmonia
A Brasiléia não é épica
Seja uma ode à alegria

Uma multidão de heróis
Da pátria sem fronteiras
Constrói seu mutirão
À livre moda brasileira

vamos juntos nos fazendo
ao fazer essa canção
soltando fogos, uivos, vivas
à nossa miscigenação

Povos

No princípio éramos povos
De mil nomes línguas terras
Tínhamos nossas mil fés
Lutávamos nossas mil guerras

Araweté, Ashaninka,Yanomami
Karajá, Kaiapó e Guarani
Kaiagang, Kanoê e Banawa
Há muito tempo estamos por aqui

Despertávamos o sol, a lua
Por danças e invocações
Nos contavam as cachoeiras
Segredos das estações

Por séculos aqui vivemos
Com a natureza solidária companhia
florestas e rios, montanhas e mar
muitos perigos e muita alegria

Só há pouco vimos chegar
Em monção, bandeira e missão
Os arcabuzes da lusofonia
Berrando chumbo em tom cristão

Que por Índios nos abreviaram
Logo o nome, a terra, a vida
E em grilhões nos sufocaram
A língua, a fé, a alma perdida

Primeiro chegaram portugueses
Também vieram os espanhóis
Levavam nossas riquezas
Deixavam facas e anzóis

Estados

No começo os portugueses
criaram as tais capitanias
imensas faixas da terra
foram dadas por franquia

Em algumas plantaram cana
noutras botaram café
também cavavam a terra
pra encontrar o que levar

Rios do Brasil

E esse povo tão diverso
atrás de um mundo mais feliz
foi entrando a mata adentro
subindo os rios do país

Árvores do Brasil

Sentidos

Essa terra é muito airosa
tem perfumes e odores mil
atravessando cinco séculos
formou-se o cheiro do Brasil

Pássaros

Nessa terra tem mil pássaros
cantam aqui como acolá
melodias sete notas
sol lá si... dó ré mi fá

Saracura na manhã
colibri no meu quintal
tem rolinha e curió
tem de noite o bacurau

Canarinho cantadô
merencório uirapurú
bemtevi e trinca ferro
tico tico no fubá

Tem sofrê tem azulão
tem nhambú tem tangará
inda canta nas palmeiras
nas floresta o sabiá

Patativa juriti
tempera viola e anu
pintassilgo e pica pau
acauã e murututu

Seriema caburé
cambaxirra jaçanã
tiê sangue alma de gato
mãe da lua e acauã

Aquarela

Se permitis vós a graça
De aqui pintar sua luz
Em formas multicoloridas
Nossa Brasiléia nos seduz

Ao vermelho terra intenso
Tons pastéis vem se mesclar
Ocres, sépias, liláses, ambar
No relevo a se abraçar

Céu azul indescritível
Denso sem começo ou fim
E o crepúsculo horizonte
Casa ao amarelo o carmim

Maravilha se formando
Do arco-íris nos vem brindar
Com os matizes dessa Terra
A nos conduzir e abençoar...

As aves que...

Minha terra inda resiste
no canto de um Sabiá
cantava alegre em seu swing
mas jaz inerte e calado
pela força do estilingue

O Sabiá mesmo sábio
não sabia que alguém
por absurda tirania
pudesse mesmo acabar
com sua linda melodia

E o outro sem perceber
que assim abafava o canto,
acabava com a beleza
matava um pouco do encanto
das aves que aqui gorgeiam
E não gorgeiam como lá

Lá, em terras d'além mar
onde vive um povo triste
e nem mais floresta existe
onde não mais se gorgeia,
Foi levado a um museu
emplumado e empalhado
o Sabiá