CHEGADA A SÃO PAULO: 6 DA MANHÃ
Ir para navegação
Ir para pesquisar
<poem>
Meu nariz planaltinense acostumado
ao perfume inodoro das flores do cerrado
de longe te denunciou a chegada.
Teu cheiro de suor e fumaça,
tuas ruas de muito barulho trabalho e pouco sorriso,
de muita pressa e nenhuma poesia,
teu céu de garoa e fuligem,
tua silhueta incerta de edifícios,
teu corpo de concreto e metal e cristal,
tuas veias transbordando pernas e automóveis,
teu coração de ferrugem,
tudo em ti me assustou.
Te vi acordar do breve sono que tens
tomando um pingado nas esquinas,
tomando um coletivo nas esquinas,
tomando o rumo rápido para as oficinas
e mergulhar no pesadelo do dia-a-dia.
Mergulhar no delírio de apenas mais um dia.