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De Sexta Poética
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::''“Non è bene che l’uomo sia solo''
Sim, lógico, poderia ser
Sim, lógico, poderia ser
Outra pessoa. Afinal
Outra pessoa. Afinal
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Eram corrupiões  
Eram corrupiões  


Uma pessoa que contemple o vale do Rio São Bartolomeu  
Uma pessoa assim que contemple o vale do Rio São Bartolomeu  
E seus olhos azuis brilhem cintilando perguntas:
E seus olhos azuis brilhem cintilando perguntas:
O capão da onça onde fica no mapa, aqui?
O capão da onça onde fica no mapa, aqui?
Olhe para cerrado esse bioma
Olhe para o cerrado esse bioma
E veja a vida cuja diversidade assombra
E veja a vida cuja diversidade assombra


Pessoa curiosa pelo que tem dentro
Pessoa curiosa pelo que tem dentro
E cresce escondido da atenção comum
Daquela espécie cenozóica
E cresce ainda escondida da atenção comum
Cura ferida?
Cura ferida?
Alimenta bicho?
Alimenta bicho?
Linha 51: Linha 55:
Alguém que descobriu nova razão de ser
Alguém que descobriu nova razão de ser


Precisa-se dessa pessoa que ama a natureza
É verdade mesmo
Que tem nome sim, importante pra mim
Hoje, aqui, agora
Precisava muito dessa pessoa bióloga e ambientalista
Que tem um nome sim, outras águas que formam outro vale
Bastante importante pra mim
Mas aos outros basta sabê-la professora
Mas aos outros basta sabê-la professora
(detalhes, minúcias, segredos
(detalhes, minúcias, segredos

Edição atual tal como às 19h15min de 5 de abril de 2020

“Non è bene che l’uomo sia solo


Sim, lógico, poderia ser
Outra pessoa. Afinal
O que mais importa nesse momento
É uma companhia - qualquer uma
Pessoa, outra
Poderia ser.

Pessoa qualquer
Que ame a natureza
Goste das plantas
Defenda os animais

Pessoa qualquer que cuide da Lilica
Zele pelo Dique
Tem carrapato? Esse caroço na barriga o que é?

Pessoa qualquer que admira Niède Guidon
Respeita Ana Maria Primavesi
Curte pintura rupestre e acredita na recuperação dos solos
Se interessa pelo diferente, gosta das pancs, das frutas
Exóticas (descobre nos cafundós de São Paulo
Alguém um rapaz peculiar que protege espécies,
Faz muda e vende),
De cultivá-las no quintal
E anotar tudo no caderninho amarelo
A Acoaratinga, o Achachairu, a Abiurana, o Araçá piranga
Cereja-peba, a Perinha do cerrado
Anona montícula, Eugênia suberosa
Que dia foi plantada aquela caliandra
Germinaram as sementes do Araticum que dia
Hoje apareceu um casal de pássaros diferentes
Nunca tínhamos visto eram preto e amarelo
A ponta da asa era branca — descobre depois
Eram corrupiões

Uma pessoa assim que contemple o vale do Rio São Bartolomeu
E seus olhos azuis brilhem cintilando perguntas:
O capão da onça onde fica no mapa, aqui?
Olhe para o cerrado esse bioma
E veja a vida cuja diversidade assombra

Pessoa curiosa pelo que tem dentro
Daquela espécie cenozóica
E cresce ainda escondida da atenção comum
Cura ferida?
Alimenta bicho?
Dá certo fazer um chá?
Atenta ao que existe à margem
E compõe nosso imenso mosaico — enfim,
No Planalto Central do Brasil
Alguém que descobriu nova razão de ser

É verdade mesmo
Hoje, aqui, agora
Precisava muito dessa pessoa bióloga e ambientalista
Que tem um nome sim, outras águas que formam outro vale
Bastante importante pra mim
Mas aos outros basta sabê-la professora
(detalhes, minúcias, segredos
Guardo todos pra mim)
Roncenho termista, mulher dolomítica

Infelizmente, não existe meia dúzia iguais assim
Quem me dera existissem duas

Nevinho