De Pé sobre o Muro de Berlim

De Sexta Poética
Revisão de 16h56min de 26 de agosto de 2009 por Ozymandias (discussão | contribs)
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Ei, Kameraden, quer um cigarro ?
Limpe o barro das suas botas encardidas
E se assente ao meu lado, com uma boa bebida
O tempo acabou, a revolução não existiu.

Todos foram prostituídos e vendidos
E eu também nesta decepção.
 
O poeta imortal não cantou
Que seus heróis morreram de overdose ?
Mas nós, meu amigo,
Somos loucos, loucos
Pois ainda somos velhos o suficiente
Para querer revolucionar.

Aqueles livros realmente nos fizeram
Muito mal, muito mal
Vamos tentar queimá-los, antes que os
Achem escondidos entre nossos casacos.

(Senão nosso fim pode não ser o melhor.)

Vamos pular o muro ?
Sozinho não vou conseguir ir
É tão mais fácil ficar aqui
Afinal, não há dor ou sofrimento
Quando você não luta.

Os sonhos antigos viram passado
Revoluções viram acomodações
Acalentado em prosas idosas
E nós aqui, rindo e bebendo, só isto.

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Há uma garota do outro lado
Ela insiste em piscar para mim
Ela veste uma farda e uma arma
Acho que ela quer o meu fim.

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Ah, mas eu continuo um bom egoísta
Quero ficar sentado sobre este muro
Soltando fumaça ao ar, com uma boa bebida
E, logicamente, tendo uma ótima companhia

(Sirva-se mais um pouco)

Vou ficar sentado sobre este muro
Quem sabe dormir um pouquinho
Deixar os revolucionários lá de baixo
Continuarem acreditando em si mesmos.

Quero lutar agora minhas próprias guerras
Fazer revoluções e farras dia a dia
Lute suas próprias guerras
Faça suas próprias revoluções.

Marx, Voltaire, Nietzsche
Nordau, Sartre, Sócrates
Schopenhauer, Kant, Hegel
Sinceramente ?
Descansem em paz.

Tanto faz
Eles são muletas meu amigo
Muletas
Ao se usar o barco, você não precisa mais
Carregar ele consigo.

Vejo um lado e vejo o outro
Tanta coisa, e só penso em mim
Queria poder pular o muro e descer
Mas a moral e os bons costumes
Certamente não vão deixar.