Eita cerrado arcaico

De Sexta Poética
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Pela manhã luminosa de janeiro mangas douradas reunir sobre a grama crescida. Antes do banho de bica colher as pitangas maduras lembrando certa tarde em Olinda (quando Gina, minha anfitriã, fez um suco delicioso das rubras pitangas compradas na feira )

Os alma de gato estão de volta revoam e se equilibram graciosos com longas caudas cor de ferrugem entre os muitos verdes do arvoredo. Buscam as lagartas gordas e coloridas que sobem pelo pé de jasmim.

É tempo de fartura de alimentos, flores, frutas, sementes e insetos no papo dos passarim.

Há que se agradecer à chuva toda essa generosidade toda essa beleza e prosperidade que a terra manifesta Há que se agradecer ao tempo o viço dessas plantas que nos enchem os olhos de beleza nos curam e alimentam a alma

Olhar com carinho e conhecer melhor cada árvore desse bosque nativo cada erva, mesmo que pequena e rasteira como a poaia, quebra pedra e abrandamundo pacari, pé de perdiz, sumaré e chapéu de couro

douradinha, congonha, bolsa de pastor e marcelinha saber de seus princípios curativos Estamos rodeados de uma farmácia viva cultivada ao longo de milênios, conhecida pelos antigos nesse que é o mais antigo bioma do planeta.

Êita cerrado arcaico! Eita sertão de dentro – sertão cantado pelo mestre Rosa Carmo Bernardes e Bernardo Élis Cora Coralina e Carlos Brandão

Fim da tarde a claridade azulada se espalha sobre o quintal Hora de abrir o coração, cerrado receber as bênçãos que chegam com a serenidade deste lugar

Primeira lua cheia do ano.