Encontro marcado

De Sexta Poética
Revisão de 18h13min de 13 de fevereiro de 2010 por Nevinho (discussão | contribs)
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Contigo aprendi a me procurar me procurar me procurar me procurar nas paisagens do meu país nas paisagens cenas de rua camelôs pastéis engordurados churrasquinho de gato fome sob os viadutos nas passagens subterrâneas da Asa Norte na ponte do Bragueto nas margens do Lago Paranoá no jogo de dominó canastrão sinuca porrinha e bilhar me procurar na vida, nesta vivida atrás do dia, em busca de alguma coisa e contigo aprendi a ter um encontro marcado comigo chegar em casa me procurar me deparar com a minha solidão escancarada nos teus olhos, talvez pendurada no varal de roupas lavadas talvez misturada com sal e feijão talvez escorrendo pelas paredes como uma gosma que não se sabe bem o que é. Talvez eu tenha desaprendido o que nunca soubera, talvez Contigo aprendi certos segredos que sem ti jamais se desvelariam, aprendi que o destino tem asas mas depende de mim fazê-lo voar depende de mim fazê-lo parar depende de nós. Aprendi que tudo é talvez e nem tudo tem o momento certo de acabar o anel que tu me deste era vidro e se quebrou o amor que tu me tinhas atirei o pau no gato mas o gato não morreu; então, finalmente, pela estrada afora eu fui bem sozinho ia comigo alguém maior lembrando a imagem de um deus