Errância 12

De Sexta Poética
Revisão de 16h56min de 12 de dezembro de 2019 por Nevinho (discussão | contribs)
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Na mesmo dia, me sinto acabado. Em compensação, no dia seguinte, me sinto eu mesmo, o corpo mais bonito, o espelho limpo, o clima mais propício. Ontem fiz a décima segunda errância pelas quadras, uma por mês, boa média anual. 22 km, desci pela 408 e fui de bloco em bloco, verificando as calçadas rachadas, janelas encardidas. A Escola Classe 407, a Igreja Luterana na 406, o Edifício Ômega na 405, o Templo Seicho-no-ie na 404, o bloco J da 403, os O e P da 402. No Setor de Aurarquias Sul desci e escalei escadas desertas, entradas e saídas de garagens, estacionamentos ainda vazios, prédios recebendo os primeiros funcionários.

Tanto acontece todo dia, passando pelos lugares percebo isso, cada segundo é tempo suficiente.

Depois de passar pelo “Protocolo externo da Justiça Federal”, esgueirar pelos fundos do antigo Bloco O, sede do então MPAS, subi pelo canteiro central da via que segue para a Catedral Metropolitana de Brasília e volta dos lados da Esplanada. Mais acima, no semáforo passei de volta para o lado da torre da Caixa Econômica. O vigia do estacionamento do Banco Central quis me admoestar, mas perdeu o rebolado quando notou que eu apenas ultrapassei a guarita para depositar na lata de lixo a garrafinha d’água que eu sequei de uma vez, já uma hora e vinte de caminhada.