Gênesis: mudanças entre as edições

De Sexta Poética
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mSem resumo de edição
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Linha 2: Linha 2:
Não tenho medo de morrer
Não tenho medo de morrer
Porque não tive medo de nascer
Porque não tive medo de nascer
Quando a chama desta coincidência
Quando a chama desta coincidência
Chamada vida se apagar
Chamada vida se apagar
Linha 7: Linha 8:
Certamente não culparei a nenhum deus
Certamente não culparei a nenhum deus
Por não ter sabido aproveitar  
Por não ter sabido aproveitar  
A maravilha da vida
A maravilha da vida.
 
Lembrarei com saudades
Lembrarei com saudades
Do pouco tempo que passei  
Do pouco tempo que passei  
Dos pequenos milagres que vivi
Dos pequenos milagres que vivi
Mas não me desesperarei por deixar de ser
Mas não me desesperarei por deixar de ser
Por deixar de viver
Por deixar de viver
Afinal,por bilhões, senão trilhões
Afinal,por bilhões, senão trilhões
De anos no tempo infinito
De anos no tempo infinito
Linha 21: Linha 25:
Um conjunto de fluxos de energias criativas
Um conjunto de fluxos de energias criativas
Viesse a compor o meu ser  
Viesse a compor o meu ser  
(E não outro, o que seria chato para mim)
(E não outro, o que seria chato para mim)
Que nada é além do que uma limitação
Que nada é além do que uma limitação
Um vaso que restringe muito mal
Um vaso que restringe muito mal
As causações e composições
As causações e composições
Que não posso chamar de "Eu"
Que não posso chamar de "Eu"
Como um rio, mergulham sem parar
Como um rio, mergulham sem parar
No fluxo do infinito e inexistente
No fluxo do infinito e inexistente
...
Tempo
Tempo
...
Fazendo parte de um vegetal aqui
Fazendo parte de um vegetal aqui
De grandes águas ali, um minério acolá
De grandes águas ali, um minério acolá
Linha 43: Linha 52:
Homens, mulheres
Homens, mulheres
Animais...
Animais...
Dos céus ao mais profundo abismo
Dos céus ao mais profundo abismo
Do coração de estrelas já mortas
Do coração de estrelas já mortas
Linha 61: Linha 71:
Seletivas, universais, banais.
Seletivas, universais, banais.


Mas um dia se o lago secar
Mas se um dia o lago secar
Entenderei que outros lagos  
Entenderei que outros lagos  
Deverão vir a existir e ser alimentados
Deverão vir a existir  
Ser alimentados
Outros acasos de sorte  
Outros acasos de sorte  
No espaço-tempo contínuo
No espaço-tempo contínuo
Como eu, que sou um acaso muito particular
Como eu, que sou um acaso muito particular
Que não hesitará de viver
Que não hesitará de viver
Enquanto puder viver
Enquanto puder viver.
Mas quando as cortinas descerem
 
Mas para cada caso um ocaso
E quando as cortinas descerem
E o véu entre a morte e a vida  
E o véu entre a morte e a vida  
Se rasgar
Se rasgar

Edição das 07h27min de 21 de setembro de 2009


Não tenho medo de morrer
Porque não tive medo de nascer

Quando a chama desta coincidência
Chamada vida se apagar
E os olhos pesados quiserem descansar
Certamente não culparei a nenhum deus
Por não ter sabido aproveitar
A maravilha da vida.

Lembrarei com saudades
Do pouco tempo que passei
Dos pequenos milagres que vivi

Mas não me desesperarei por deixar de ser
Por deixar de viver

Afinal,por bilhões, senão trilhões
De anos no tempo infinito
Estive morto
E só estou voltando para o que era
Antes que por um feliz acaso
E combinações de leis naturais
Um conjunto de fluxos de energias criativas
Viesse a compor o meu ser

(E não outro, o que seria chato para mim)

Que nada é além do que uma limitação
Um vaso que restringe muito mal
As causações e composições
Que não posso chamar de "Eu"

Como um rio, mergulham sem parar
No fluxo do infinito e inexistente
...
Tempo
...
Fazendo parte de um vegetal aqui
De grandes águas ali, um minério acolá
Grandes animais aquáticos
Animais alados nos céus
Seguindo de eón em eón
Desde antes dos planetesimais
De grandes explosões
Seguindo por eventos sinistros
E desconhecidos
Antes de qualquer ideal e deus
Em guerras, revoluções, amores
Dores, alegrias, sofrimentos
Homens, mulheres
Animais...

Dos céus ao mais profundo abismo
Do coração de estrelas já mortas
Até as águas profundas do Tartáro
Cada componente do meu ser
Recebe e retorna do fluxo
Dos elementos universais
Diariamente
Como um pequeno lago
Alimentado pelas forças
Do grande e corrente mar
Sendo nomeado como lago
Mas nunca sendo o mesmo lago
Dia a dia (e isto que lhe dá vida!)
Eu um lago forjado ao acaso, simples
Sem deuses, sem grandes explicações
Apenas sujeito as leis coincidentes
Seletivas, universais, banais.

Mas se um dia o lago secar
Entenderei que outros lagos
Deverão vir a existir
Ser alimentados
Outros acasos de sorte
No espaço-tempo contínuo
Como eu, que sou um acaso muito particular
Que não hesitará de viver
Enquanto puder viver.

Mas para cada caso um ocaso
E quando as cortinas descerem
E o véu entre a morte e a vida
Se rasgar
Saberei deixar para trás um rastro
Importante, insignificante
A ser apagado no rumo da Eternidade.