Pandemia

De Sexta Poética
Revisão de 20h31min de 9 de abril de 2020 por Nevinho (discussão | contribs)
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Protegido de pisadura de gado
e escondido
da passagem de gente,
no meio da braquiária
repousa o Carapiá.

Testemunha cretácea do Planeta.
plantinha entre plantinhas,
folha carnuda e fruto um cogumelo amarelo
invertido e aberto
— feito um mocó da Serra da Capivara,
ele assiste estático o passar das eras.

Sem ninguém para perguntar sua identidade
se ele gosta de chuva ou clima seco
se gosta de frio ou de calor
sol ou sombra, é comestível essa planta?
Será Medicinal?
Vários séculos passaram sem jamais alguém
dar-se ao trabalho.

Até quando um dia passou por ali uma pessoa,
descobriu seu nome, fez outras perguntas, achou outras respostas...

Vinda de outras altitudes, essa pessoa poderia ser facho de luz para o caminho,
mas prefere ser como um relâmpago no escuro,

Eis que novamente esquecida no tempo
e abandonada no capim crescido
a Dorstenia heringer sobrevive discreta
alheia a epidemia e carências;
repousa escondida e faz do procurá-la
Companhia e distração para o poeta.

Nevinho