Pandemia

De Sexta Poética
Revisão de 16h20min de 7 de abril de 2020 por Nevinho (discussão | contribs)
Ir para navegação Ir para pesquisar

Protegido de pisadura de gado
e escondido
da passagem de gente,
no meio da braquiária
repousa o Carapiá.

Testemunha cretácea do Planeta.
plantinha entre plantinhas,
folha carnuda e fruto um cogumelo amarelo
invertido e aberto
— mocó da Serra da Capivara,
assiste estático o passar das eras.

Sem ninguém para perguntar sua identidade
se ele gosta de chuva ou clima seco
se gosta de frio ou de calor
sol ou sombra, é comestível essa planta?
Medicinal?
Vários séculos passaram sem jamais alguém
dar-se ao trabalho.
Até um dia quando passou por ali uma pessoa,
Que descobriu seu nome e outras respostas...

Vinda de outras altitudes, essa pessoa podendo ser facho de luz para o caminho,
Preferiu ser como um relâmpago no escuro,

E eis que novamente esquecida e abandonada no tempo
a Dorstenia heringer sobrevive alheia a epidemia e carências;
repousa
e solidária ao poeta, se oferece a lhe fazer companhia.

Nevinho