Panelinha velha

De Sexta Poética
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Fico feliz de esquentar sopa nessa panela
Não tanto pela sopa em si,
receita própria,
combinação chegada depois de muitas mais ou menos,
mandioca/vagem/cenoura/chuchu e filé moído na faca.
Não pela Célia, meu anjo da guarda,
que prepara com maestria,
empregada antiga do final dos anos 80,
cuidava bem de mim
quando eu morava sozinho no ateliê da 411 Sul
e que desde 2014 vem um dia,
arruma meu AP, passa minha roupa
e faz a comida da semana toda.
Nem pela panela, herança singela de mãezinha,
lembrança gostosa, quentava nela o de comer à noite,
estalava ovo, fazia mexido.
Não ainda pelo fogão, comprado baratinho junto com o AP.
Embutido na pia, o proprietário anterior deixou por uns trocados a mais.
Não tanto também pela cozinha toda,
tudo que tenho, o carro na garagem, a namorada dedicada,
uma chácara para os fins de semana, o salário de aposentado,
modesto mas suficiente.
Fico feliz mesmo fazendo essa sopa
por conseguir ficar 15 minutos em pé
esperando a sopa ficar quente.