SAO/BSB 2

De Sexta Poética
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Dava a vida por um instante como esse
frente a frente com uma mulher bonita...

Ao pé da escada, comtemplando sua beleza de camponesa
fez um gesto educado deixando passar os outros passageiros
que já se acumulavam em fila para subirem a bordo.

Ao entrar no avião, pediu pra outra aeromoça
essa recepcionando à porta do avião
uma folha, um guardanapo, um pedaço de papel qualquer onde desenhar algumas palavras, um poema
estava pedindo para ser escrito.

Quando foi arrumar sua bagagem nos compartimentos superiores
ou embaixo da poltrana à sua frente, como instrui o protocolo
aquela imagem ao pé da escada lhe ocupou a mente outra vez
e o passageiro que vinha logo atrás ficou impaciente,
talvez imaginando que acomodando-se logo na aeronave
chega-se antes ao destino.

Aceitou a balinha com gosto
mas quando viu a bandeja cheia de balinhas de caramelo
perguntou se não tinha também balinhas de café
_ Não, não tem, mas vou verificar se tenho no armário.

O desejo de conhecer esse armário, abrir as gavetas, olhar dentro os segredos
doeu no seu peito como a perda de um objeto antigo. Pediu também um copo d'água.

_ Não, realmente não tem, ela lamentou com um olhar simulando tristeza.
_ Mas tem de chocolate, um brilho gentil iluminou seu olhar.
Ele decidiu que entenderia aquilo como um gesto de abertura,
pensou rápido, pediu outra folha de papel para continuar seu poema
e finalmente se delatou: "quando entrei no avião pedi à sua colega uma folha de papel
para escrever alguma coisa"... mostrou a folha cheia de palavras.
_ Mas está sobrando inspiração _ deu um sorriso acanhado
e não se conteve,
pedindo um endereço de email qualquer para onde pudesse lhe enviar a poesia...

A camponesa lhe trouxe uma folha de papel A4, mas preferiu
não informar email algum (jamais lerá este poema)
trocando-o por aquele sorriso prifissional padrão TAM.

Quando saiu do avião e chegou ao saguão do aeroporto
percebeu as mãos cheias de balinhas.
Querendo continuar na presença da aeromoça, guardou-as no bolso
mas já no dia seguinte
deu para o Raimundo, um rapaz que vendia panos de prato alvejado
no cruzamento entre o final da L2
e a L4 Norte.