No Banco da Praça
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<poem>
- 'No Banco da Praça'
- (Aos meus filhos, futuros netos e bisnetos)
Se por acaso me achares bonita
- Não diga nada! Cale-se...
- Deixe que o tempo me retrate
Se por acaso me achares perfeita
- Também, não diga nada! Cale-se...
- Deixe que eu termine minhas obras
- e que elas me definam
- Deixe que eu termine minhas obras
Se por acaso me achares maravilhosa
- Tampouco, não diga nada! Cale-se...
- Deixe que o cinzel do dia-a-dia termine
- o meu lapidar
- Deixe que o cinzel do dia-a-dia termine
Se me achares doce
- Também não diga nada! Cale-se...
- Deixe que o oceano da rotina se misture a mim,
- depois sorva-me um gole salinificado pelo dia-a-dia
- Deixe que o oceano da rotina se misture a mim,
- E se depois disso tudo, ainda,
- quiseres do meu lado ficar?
Há um lugar no banco daquela praça
- onde estarei todas as manhãs
- Embaixo daquele jequitibá
- Onde o chão é todo rendado
- pelas sombras das folhas
- dos dias ensolarados
- pelas sombras das folhas
- Onde o chão é todo rendado
- Embaixo daquele jequitibá
- E de onde distante ficarei a fitar
- meus flagrantes bisnetos...
A sorrirem de tanta graça
- daquela bisa que fica ali sentada
- enrolada em seu xale rendado
- a sorrir de volta pra eles, toda encantada...
- enrolada em seu xale rendado
- No banco daquela praça.
E se por um ato do destino
- Lá não estiveres...
Ainda, assim, lá eu estarei
- Sob a sombra do jequitibá
- Num tapete rendado pelo sol
- Toda enrolada em meu xale de renda
- a sorrir e a fitar, toda encantada...
- Meus bisnetos flagrantes
- a sorrir e a fitar, toda encantada...
- Toda enrolada em meu xale de renda
- Num tapete rendado pelo sol
- No banco daquela praça...
- Julho/2010