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De Sexta Poética
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''Luiz Martins da Silva''
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'''N’outro dia ao vê-la desidratada,


N’outro dia ao vê-la desidratada,
Plastificada, código de barras e coisa e tal,
Plastificada, código de barras e coisa e tal,
Pareceu-me dieta de astronauta,
Pareceu-me dieta de astronauta,
Longe de toda uma infância de cheiros
Longe de toda uma infância de cheiros
E lembranças fagueiras de quintais.
E lembranças fagueiras de quintais.




Houve, portanto, tempo,
Houve, portanto, tempo,
Em que disputava com os pássaros
Em que disputava com os pássaros
As primeiras aparições amarelo-bandeira,
As primeiras aparições amarelo-bandeira,
Sabia, já, então, ser hora de cortar
Sabia, já, então, ser hora de cortar
Aquele umbigão chamado mangangá.
Aquele umbigão chamado mangangá.




Sabia, já, àquela época,
Sabia, já, àquela época,
Não ser a banana patrimônio universal,
Não ser a banana patrimônio universal,
Posto que há nações encravadas em neves,
Posto que há nações encravadas em neves,
Eternas geleiras, coitados dos esquimós...
Eternas geleiras, coitados dos esquimós...
Soube de histórias de que meus avós...
Soube de histórias de que meus avós...




Bananas, bananas, bananas...
Bananas, bananas, bananas...
Eram mais fartas do que filhas Anas,
Eram mais fartas do que filhas Anas,
Marias, Odetes, Filomenas...
Marias, Odetes, Filomenas...
Nordestinas proles, da era da pataca,
Nordestinas proles, da era da pataca,
Quando nem se imaginavam anticoncepcionais.
Quando nem se imaginavam anticoncepcionais.




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Protesto, quero os meus quintais de volta
Protesto, quero os meus quintais de volta
E a tua velha reputação de seres popular
E a tua velha reputação de seres popular
E tão barata quanto os perfumes do povo.'''
E tão barata quanto os perfumes do povo.

Edição das 17h39min de 5 de fevereiro de 2010

Sagração da banana


Luiz Martins da Silva


N’outro dia ao vê-la desidratada, Plastificada, código de barras e coisa e tal, Pareceu-me dieta de astronauta, Longe de toda uma infância de cheiros E lembranças fagueiras de quintais.


Houve, portanto, tempo, Em que disputava com os pássaros As primeiras aparições amarelo-bandeira, Sabia, já, então, ser hora de cortar Aquele umbigão chamado mangangá.


Sabia, já, àquela época, Não ser a banana patrimônio universal, Posto que há nações encravadas em neves, Eternas geleiras, coitados dos esquimós... Soube de histórias de que meus avós...


Bananas, bananas, bananas... Eram mais fartas do que filhas Anas, Marias, Odetes, Filomenas... Nordestinas proles, da era da pataca, Quando nem se imaginavam anticoncepcionais.


Nas feiras, já quase passadas, Pingando ouro no fundo dos jacás, Foram-se os mercados públicos E com eles a noção de carestia, Hoje, banana carece poesia.

Ouro, prata, maçã, nanica... E havia também a de fritar. Banana da terra e terras bananeiras E até as repúblicas alimentadas a golpes De facões e jatos de suor e seiva.

E assim, ao vê-la codificada de pós-modernidade, E a preços tão impróprios para o povo, Protesto, quero os meus quintais de volta E a tua velha reputação de seres popular E tão barata quanto os perfumes do povo.