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Não reconheço mais o rosto | |||
que me foi caro, aquele, raro, | |||
que tão bem conheci. | |||
Jaz na noite, negra noite | |||
da canção que perdi. | |||
As manhãs que eram eternas | |||
morreram nos armários do sobrado. | |||
Nunca mais os bondinhos | |||
no sobe-desce de alamedos | |||
escarpados, acordes partindo | |||
caminhos e corações ao meio. | |||
Deixei meu papagaio | |||
em Fisherman’s Wharf | |||
a pedra azul do destino | |||
que cantava os sonhos | |||
sem receios, os seios | |||
que o amaram do avesso, | |||
por inteiro. | |||
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de ferro de faca defunta desfeita, | |||
e os ventos levaram o leito de águas | |||
a cantos de outros versos. | |||
Em sombras ficaram as sobras | |||
daquela face interminada | |||
sem restauro, sem recomeço. | |||
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Edição das 09h46min de 21 de janeiro de 2011
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POEMA DA SEMANA
"para Z. Apokalypsis"
Não reconheço mais o rosto
que me foi caro, aquele, raro,
que tão bem conheci.
Jaz na noite, negra noite
da canção que perdi.
As manhãs que eram eternas
morreram nos armários do sobrado.
Nunca mais os bondinhos
no sobe-desce de alamedos
escarpados, acordes partindo
caminhos e corações ao meio.
Deixei meu papagaio
em Fisherman’s Wharf
a pedra azul do destino
que cantava os sonhos
sem receios, os seios
que o amaram do avesso,
por inteiro.
A ponte dourada era de fato
de ferro de faca defunta desfeita,
e os ventos levaram o leito de águas
a cantos de outros versos.
Em sombras ficaram as sobras
daquela face interminada
sem restauro, sem recomeço.
Angélica Torres Lima
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