Morro em chamas
Título já tem mas empaca na questão do ovo e da galinha, quem nasceu primeiro? O título faz a obra ou a obra depois de pronta faz o título? Nesse caso será a segunda opção, pois o título caiu do céu, maneira de dizer, ou foi ateado, muito provavelmente. Pode ser combustão espontânea, sempre é aconselhável na falta de certeza não se arriscar a estar lançando blasfêmias. De qualquer jeito um excelente título foi dado ao chacareiro, ele usa se quiser. Quis. Ainda mais esse, quase lhe faz sentir uma Ágatha Christie, já de algum modo presente no ambiente de instalação do sistema de monitoramento, câmaras de vigilância, universo investigativo bem próximo e caro à escritora inglesa. Ele já vinha com a cabeça quente por gastar um dinheiro que não sobra, refrescou os pensamentos misturando a terra preta com a cama de frango e adubando suas frutíferas. Mas no fim da tarde avistou num morro distante uma grande labareda, logo todo o horizonte estava delineado com fogo. A seca desse ano não está pra brincadeira, umidade relativa do ar de deserto, até os calangos estão sentindo.
O Rio São Bartolomeu forma um extenso vale que nasce praticamente no início do rio e vai até onde a vista alcança, pra lá da Fazenda Taboquinha, já nos condomínios do Jardim botânico. Começa Na confluência dos Rios Pipiripau e Mestre d’armas, no Vale do Amanhecer, onde a Tia Neiva nos anos 1960 fundou uma comunidade espírita, com cultos concorridos frequentados pela elite política da capital federal, na verdade um ou outro deputado federal, algum senador da República. A partir da junção dessas águas, o Rio passa a receber o nome do santo. Porque é mistério a desvendar, já que é o padroeiro dos pedreiros, alfaiates, sapateios e é formado por águas do Mestre d’Armas, fazedor de garruchas e utensílios de pólvora. Mistérios existem para nos misteriar, palavra que deveria existir. Mas a importância desse rio decorre principalmente por ele fazer parte da bacia do Rio Paraná e através das Águas Emendadas ser elo de ligação, com perdão ao pleonasmo, entre a ilha do Marajó e o estuário do Prata, pelo meio do continente.