Carta de Brasília

De Sexta Poética
Revisão de 20h20min de 21 de março de 2010 por Pintoandrade (discussão | contribs)
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Esse texto será sendo escrito pelos artistas de Brasília, reunidos em torno do movimento É possível!.

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CARTA DE BRASÍLIA

<poem> "Brasília propôs um país que ainda não se realizou e está ainda a espera de uma realidade nacional que se aposse dela, que assuma sua serenidade e sua pureza".

                                Otto Lara Resende

Nós, poetas, músicos, pintores, artistas da grande Brasília, escrevemos esta carta para nos posicionar frente aos últimos acontecimentos envolvendo nossa cidade e noticiados fartamente pela mídia nacional. Queremos celebrar os cinquenta anos de nossa cidade de cabeça erguida e com a alma lavada, dentro deste movimento de luta pela ética, pela cultura e a cidadania.

"Os sonhos não envelhecem"

Brasília é dos sonhadores, dos criadores, dos trabalhadores, dos bons empresários, dos que cuidam dos outros, dos que cuidam da chama da vida. Que vá a lama, que venha o leite e mel do futuro imaginado em pedra, palavra e suor. Brasília nasceu visionária, nasceu aquariana, nasceu solidária. Não há ladrão de gravata que tenha o direito de invadir nossa poética praia. Na festa dos cinqüenta anos da nossa querida Brasília, que saiam de cena os ladrões, os capangas, os parasitas, e entrem, montados no eixão/corpo do pássaro, os que sabem voar em suas asas!!!

Defendemos nossa atuação como artistas que seguram a barra desta cidade, dos que vieram, aqui permaneceram e se comprometeram com o sonho de um país e uma sociedade mais justa e solidária. Lutamos pra construir um imaginário poético e uma identidade cultural, com nossa atuação muitas vezes pioneira, entre pessoas distantes de suas regiões de origem e suas tradições. Com nossa obra humanizamos essas superquadras, esses prédios e monumentos arquitetônicos, vastos espaços muito além do Plano piloto, incluindo as outras cidades e entorno: ponto de convergência de tantos Brasis.

Uma arte não só de Brasília, mas Arte que acontece nesta vasta região, afinal o processo da arte não tem fronteiras e abrange outros contextos que se expandiram com o enorme crescimento do DF. Manifestamos também assim o sentimento que temos por essa região que com nosso trabalho, empenho, bons pensamentos, intuição e criatividade/obras ajudamos a construir.

Viva Lúcio Costa, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Mariana Alvim - seu braço direito na UnB, Roberto Burle-Marx, Alcides Rocha Miranda, Agostinho da Silva, Wladimir Murtinho, Athos Bulcão, Sylvia Orthof - pioneira do Teatro, Neusa França - pianista, Reynaldo Jardim, Cildo Meireles, Ary Para-raios, Maria Coeli, Marlui Miranda, Ana Miranda, Renato Russo, Myrthes Mattos, Cristininha Bomdemais, Paulo Bertran, Vera e TT Catalão, Ezequias Heringer, seu Teodoro, Cassiano Nunes, Wladimir de Carvalho, Ailema Bienchetti - no Cresça, Glênio Bienchetti, o arquiteto Lelé, Zanine Caldas, Rubem Valentim, Marco Antonio Guimarães, Tião da onça, mestre Zezito, Yvonne Jean - jornalista notável, Dulcina de Moraes, Wanda Oiticica - cantora lírica, Norma Lília, Lúcia Toller - no ballet, Laís Aderne - na Cultura, Golda Pietricovsky - atriz, Zezé da Escolinha de Arte, tia Neiva - no Vale do Amanhecer, dona Sarah primeira dama e dona Filó parteira (afinal nem só de homens se faz a memória/história de uma cidade) e tantas outras pessoas que contribuiram e contribuem para o rico processo cultural que se dá aqui...

Como diz o poeta Manoel de Barros, assumimos nossa "disfunção lírica" por termos parafusos trocados, como se diz dos poetas. Talvez a atividade cerebral diferenciada ,onde a intuição e os processos cognitivos e sensíveis se integram. Somos as antenas da raça e captamos muitas vezes proféticamente os sinais do tempo, o espírito de uma época. Sabemos também que geramos riqueza, incrementamos o turismo, que o investimento nos processos da cultura promovem a educação e a paz entre as sociedades. A Europa não teria a força econômica se não fosse pelo patrimônio artistico e cultural que preserva.

Só aceitamos a inércia para movimentar as palavras e expressar com elas nossa energia. Sabemos que do monturo pode nascer uma flor, por isso nos orgulhamos de em meio à sujeira da política local fazer soar nosso canto de esperança.