A volta do chacareiro

De Sexta Poética
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Desde que se despediu do protagonismo, o chacareiro levou consigo a inspiração para os escritos. A coceira permanece, comichão renitente, mas não passa disso, ele resiste, vira para um lado ou outro, muda o rumo das ideias e fica tudo como está. Ou melhor, já não é tanto a coceira que o incomoda, é mais um vazio que se quer preencher. A falta de algo. Mais ainda que o vazio, espanta sentir essa vacuidade quando pensa na borbulhação de acontecimentos que se verifica atualmente. Os assuntos se multiplicam, se ramificam numa velocidade espantosa. Entre tantos, não seria difícil puxar um gancho para si - nem que fosse um galho torto. Daí para as folhas é um pequeno passo, e já estaria no seu universo semântico, seu Reino whittakeriano.

Eis que retoma assim o antigo protagonismo, na satisfação de seguir sua rotina de visitas à cidade: pegar a vicinal Sobradinho dos Melos, enfrentar os engarrafamentos da DF 250, descer a Estrada do Tamanduá, deslizar pela Estrada Parque Paranoá, margeando o braço norte do Lago, passar pela ponte do Bragueto. A essa altura, em finais de outubro, antes do inesperado veranico da primavera, as sapucaias do eixão norte já esverdearam. E finalmente aparece o tal galho torto que lhe serviu como gancho, as folhas das sapucaias.