CRIMINALIDADE

<poem>

A morte instantânea não pode com a morte cotidiana e lenta da fome e miséria

A linha traçada

entre o bem e o mal

se dilui nos morros,

barracos, casebres,

nos lábios das putas,

na boca de lixo,

na hora da fome.

Palácio e Reis estudam distantes entre um e outro gole de escocesas marcas uma forma honrada de pagar com a vida as vidas que foram por eles tiradas à força de bala.

Nos salões claríssimos

nos becos em breu

ou na meia sombra

do meio da rua

nos olhos do homem

(gatilho suado

no suor do dedo)

a vida revela

os que sentem fome

e os que sentem medo.