Carta ao amor
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Amor, querido amigo
Como e com quem partiste?
Depois de tanta poesia
Buscaste enfim nova via
Me deixaste ao desabrigo
Nem te contesto a escolha
Nossas aventuras tristes
Devem ter te convencido
Que a minha companhia
Te era só tempo perdido
Mas gostaria de saber
Que caminho tu seguiste
Se, pois, sem nos aventurar
Quero então te imaginar
Do lado de quem quer que seja
Batendo junto a um coração
Que, a tua vibração, almeja
E sofre na multidão
A solidão de quem deseja
Viver essas tuas cores
E quanto a mim,
Que já quis infinitos amores
Com quem suportar
De outra forma tão cruéis
Luares à beira do mar
Enquanto sigo abandonado
Não pelo arisco ser amado
Mas por ti, doce amar
Temo só ter a dizer-te
Que nada me resta a contar