Delicada Dama de Mãos Negras
Delicada Dama de Mãos Negras
De lábios suaves, frios, rijos
De atraente palidez e sedução
Bela, em andrajos desfigurados
Por que foges de mim?
Anelo eu
As carícias
De tua língua
Serpentina,
O toque leve e profundo
De tuas mãos quebradiças,
E não cumpres o desejo
De apenas um beijo
Teu ?
Busco teu corpo
Esvanecente
Mas tua presença
Desaparece entre meus dedos
Levando meus pensamentos
Incoerentes
Inconsistentes
Desejosos de apenas um gole
Da Taça
De crânios que repousa
Em teu colo.
O poeta, este incompreendido,
Pode desejar mais Vida do que
...
Morte ?
...
Aquele que se assentou entre
Deuses e Demônios
E refastelou-se nos banquetes
Dos insanos da Etrúria
Mergulhando em mistérios
Que nem as Sibilas de Delfos
Ousaram sussurrar
Se iludirá com as vaidades
Desta vida sem sentido
Vida cujo fim, sem piedade
É o tortuoso Tártaro
Aquele que tudo solicita
E nada devolve ?
A delusão me cerca
Os homens se enlameiam
...
Vaidades
...
Vivam, dizem, vivam...
Viva, dizem a mim, viva...
Sátiros noturnos salteadores
Dançando em torno do sacríficio
Esquecendo-se que Ela vem.
A Velha Fiandeira saiu a fiar
Olê, olê...
Uma medida, duas medidas...
Assento-me sozinho
Na escuridão dos meus próprios demônios
Rindo-me
Filhos vaidosos, de uma geraçao maldita
Recebereis a Morte como recompensa
Tanto vós, como vossos deuses
Em quem tanto confiais.
Mas a Gloriosa Dama vem
Ela pode tardar, mas não falhará
Sabereis recepcioná-la
Com todas as honras que lhe são devidas ?
Sabereis reconhecer
Que da escura Babilônia às luzes da Cidade-Luz
Tudo foi criado em sua Honra
Como barreiras a lhe resistir
E a lhe cultuar
Mil religiões a lhe temer e celebrar
Ela, a mais poderosa
Do que mil Olimpos e Walhalas ?
Ela vos purificará com crisol
Ela vos despirá de vossos infortúnios
Tolos, como podeis ainda temê-la ?
Ela que é a Geradora da Vida ?
Venha pois a mim Dama Morte
E não me desesperarei
Como o fazem
Os filhos dos Homens.