Morte trivial
<poem>
Eu contigo aprendi as coisas mais díspares as coisas vulgares e as coisas ímpares, de que não se ouve falar, as que nenhuma poesia consegue captar e as coisas que andam na rua como gente comum. Aprendi que a morte é um fato trivial desses que acontecem ao sair de casa ir comprar leite na esquina durante a copa do mundo. _ Falo da morte do meu avô, ontem, 16.06.86, que aos 91 anos morreu atropelado por um louco qualquer; não a morte que se lê na poesia, feita de signos e lembranças.
Contigo aprendi que a morte é sempre amanhã e quando chega inesperada por mais que tenhamos calma _ e saibamos que um dia ela virá sobrevoa-nos uma revolta e como defesa não acreditamos, desafiamos os fatos. Contigo aprendi a importância de estar perto mesmo estando longe, e estar perto geograficamente pois se o coração aperta a mão quer apertar a mão amiga Nesse caso não há lembrança que supra o tato suado dos seus dedos macios
No mais, aprendi contigo, a comer o pão de cada dia comer o pão de cada dia cada dia comer o pão cada dia sem esquecer nem sentir o gosto de suor de cada pão.