O VIGIA

De Sexta Poética
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Há medo, muito medo Medo nos jardins, nas flores medo transpirando no suor dos rostos nas passagens subterrâneas nos banheiros públicos nos bancos, nas praças há medo No homem há medo do homem Medo refletido no espelho Por muito tempo o amor escondeu o medo mas o amor faliu, o amor falhou e os casais andam com medo no escuro do quarto há medo Na poltrona secular há medo secular O pai, a mãe, a filha, o filho guardam segredos que guardam medos Há medo nas rezas, nas missas O medo do padre impõe medo de Deus As escadarias se molham de joelhos medrosos Deus criou com medo o amor e o pouco amor faliu, falhou, minguou e o medo eternizou-se Há medo no amplexo, no sexo na cama o medo se deita e não dorme: vigia No silêncio da noite, no vazio das ruas no sono dos pássaros o medo não dorme: vigia.