Ozymandias/Cântico II

De Sexta Poética
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As Viagens de Ozymandias - Ozymandias, o Peregrino


Eis as histórias das viagens de Ozymandias, o Peregrino
De como partiu do meio do seu povo, de entre os seus
E ao abandonar Per-Ramessu, a cidade sagrada,
Viu segui-lo na escuridão das bruxuleantes sombras noturnas
Três homens, vestidos em trajes humildes e esfarrapados
E eles lhe disseram: Ai, Ozymandias, que vimos que estais partindo
Para o exílio, longe de todos em busca de ti mesmo

                                              [Deixa-nos seguir contigo, oh Peregrino]

E Ozymandias, fitando-os de suas cabeças aos seus pés
Apenas pôde menear sua cabeça, de um lado a outro, e disse:

                        Ozymandias, o Pobre e Abandonado
                        Os filósofos têm pais e irmãs
                        Os profetas têm irmãos e mães
                        E Ozymandias é o único de fato desamparado
                        Nem as roupas do corpo lhe suportam
                        Podeis, acaso, imaginar ou suportar o jugo de Ozymandias?

E eles, prontamente lhe gritaram:
Oh, Ozymandias, o Iluminado! Sim, queremos e suportamos
Abandonamos tudo, para seguir a ti e nos alimentar [unicamente] do mel do teu ensino
Vimos em ti a luz da iluminação que brilha sobre a fronte dos santos
Deixa-nos, mais uma vez pedimos, seguir vossos passos.


E Ozymandias apenas lhes disse:
Sois tolos, se de tudo vos separardes por amor a mim
Eu que não sou santo, tampouco pecador
Ozymandias é um caminho para si e nunca para os outros
Pois o caminho do outro pode ser curto ou longo demasiado para um
O portão largo de um pode ser o estreito de outro

                                                             [ A fé de um é a incredulidade do outro].

Mas eles insistiram:
Deixa-nos de qualquer modo seguir-te,
Não lhe seremos pesados
Comeremos de nossas mãos, vestiremos nossas roupas
Apenas refrigera nossas almas com a sabedoria dos teus lábios.

E ele disse:

Uma árvore por maior que seja, não pode se esconder de quem
Sob ela busca abrigo.
Vinde, e cada um siga seu próprio caminho
Eu seguirei o meu.
Ozymandias, no seu caminho de iluminação
Os profetas oferecem seus deuses
       Outros oferecem falsos ídolos recém-saídos saídos das montanhas
Mas eu vos ofereço Ozymandias, carne e sangue
Comei, devorai seus miolos, e vede se desta teofagia
Algo é inculcado em vós.


Ozymandias, o Deus que tornou-se homem
          Decide então ir visitar a comunidade dos homens
  E ver se entre eles alguma sabedoria.

                        Tédio,

                                  tédio,

                                                 tédio

                       Só desilusão e delusão

 Ozymandias no meio dos mortos-vivos
 Decepcionado por não existir nada para ver
  Nem o menor desejo, por egoísta que seja
   A garantir algum sabor à sua vida inútil.


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