Sexta, 23/02/2007

De Sexta Poética
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Lentamente abandonando as imagens de si mesmo vê no espelho do banheiro o reflexo do bancário rosto vincado, marcado, não mais daquele rapaz acumulando ilusões, que sonhava para si um destino diferente;

o homem sisudo com cinto puído ocupando o lugar do jovem com roupas coloridas.

Nascido no interior que virou capital, agora ele vive em uma metrópole provinciana; crescido e alimentado na cultura multiforme de Brasília, conhece o cheiro forte dos currais e o perfume ameno dos salões, o assombro da falta de dinheiro e o brilho esperançoso da Bolsa de Valores.

Vendo-se numa encruzilhada da história, não se reconhece mais nos monumentos da cidade; disfarça bem, mas todos vêem seu pouco caso em relação ao futuro: se é tudo engano mesmo, o que vier virá... e será bem vindo.